O sagrado: obras da Catedral
O leitor Nelson Rowe, de Ijuí, nos enviou a seguinte mensagem: "Lendo a Zero Hora do dia 30/5, deparei, na página do Almanaque Gaúcho, que recorto e mando encadernar, com nota referente à catedral de Santa Cruz do Sul. Meu sogro, sr. Huberto Cardinal, estudava em Santa Cruz, e depois retornou para Augusto Pestana, onde a família residia. Então, recebeu um postal de um amigo de Santa Cruz, o qual envio no anexo. Se achar interessante, publique...".
No verso do postal, está escrito: "S. Cruz, aos 2/2/37. Prezado amigo! Remetto-te uma vista da nossa matriz. A 2ª torre ficou pronta no sábado, dia 30/1/37. Houve churrasco. Estive lá em cima; a vista é formidável... Ass Luiz”.
O profano: Karan D’Ache, 46 anos
No último dia 19 de junho, a Boite e Sauna Karan D'Ache completou 46 anos de existência, ou resistência, pois é difícil uma casa de lazer se manter por tanto tempo. Ela foi imaginada e construída por João de Deus Manduré, empresário ligado à área de transportes de valores e malotes.
No início dos anos 1970, Porto Alegre viveu um despertar boêmio, com a abertura de diversas boates e mudanças no comportamento da juventude. É preciso contextualizar a cena porto-alegrense, pois, nessa virada de década, a ditadura militar impunha seus mais pesados anos de chumbo. A Boite e Sauna Karan D'Ache surgiu infringindo regulamentos e conceitos.
Com diversos ambientes, era um centro de lazer total, funcionava 24 horas, as pessoas podiam entrar para sauna, passar a tarde entre banhos de piscina, banhos de sauna, seca e úmida, jogos de recreação, academia, serviços de massoterapia, entre outros, logo após, subir para o restaurante, ter um jantar, descer para a boate, dançar a noite toda e na madrugada entrar para o hotel e descansar. Tudo num mesmo lugar.
O conceito funcionava na Europa, mas, por aqui, o proprietário foi preso por colocar em sua propaganda a foto de uma família, pai, mãe e filhos, todos nus, desfrutando uma sauna seca. Essa foto foi obtida numa revista francesa, de onde também foram retiradas muitas ideias e técnicas para construção e desenvolvimento da Karan D'Ache. Pelos palcos e pistas da boate, desfilaram artistas nacionais e internacionais, misses, gente da noite, celebridades, jogadores de futebol e uma infinidade de pessoas em busca de diversão. João de Deus Manduré morreu em agosto de 2015, num domingo de Dia dos Pais.
Colaboração de Robin Manduré