Da grande aventura "di fare la America" dos Rizzo-Severino, poderia dizer-se que é mais uma história de família emigrada. Mas cada uma tem sua carga de emoções, tristezas e muita saudade da amada terra nativa. Eles vieram de Morano Calabro, Província di Cosenza, uma pequena cidade bem no sul da Calábria, em que, na chegada, o viajante encontra uma placa que afirma: Uno dei Borghi pìu belli d’Italia.
A vinda da família para o Brasil aconteceu no período pós II Guerra Mundial (1939-1945), quando toda a Europa vivia uma grande crise em todos os sentidos. Foi em 1955, quando houve mais uma leva de migrantes, que, para sobreviver, alguns foram praticamente obrigados a deixar seu país. Não foi diferente para Giuseppe Rizzo, que, sentindo-se desesperado, não via outra solução, a não ser partir e "fazer a América", termo sempre usado por aqueles que se lançavam na aventura de buscar o Novo Mundo. Foi aí que começou a saga de Giuseppe, deixando para trás seis filhos: Nunzia, Maria, Francesco, Carmela, Luigi, Concetta e sua amada esposa Rosina.
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Saiu de Morano Calabro e foi para Gênova, onde embarcou no navio Bretagne, em 8 de setembro de 1955, chegando a Santos no dia 23 do mesmo mês e viajando logo em seguida para Porto Alegre. Começava, então, a segunda parte da aventura para ele, analfabeto, sem conhecer a cidade nem dominar a língua portuguesa. Foi quando alguns patrícios ficaram sabendo e vieram em seu socorro. Tentaram ajudar da melhor forma possível, surgiu a ideia de vender bilhetes de loterias, pois assim poderia praticar o idioma e conhecer a nova cidade. O imigrante mantinha a ideia fixa de juntar dinheiro para mandar buscar sua família, a saudade era grande.
Quando surgiu a oportunidade de trabalhar numa cadeira de engraxate na Praça XV, ele começou a juntar um dinheirinho para pôr seu plano em prática. Há exatos 60 anos, no dia 17 de maio de 1957, chegou ao Brasil toda a família. Enfim, a prole de Giuseppe estava novamente reunida, quanta alegria... A saudade era tanta, que, logo em seguida "encomendaram um brasileirinho", nove meses depois nascia Pedro, para completar a família.
Hoje, são 16 netos e 17 bisnetos. "Sempre que relato partes da nossa história, é uma mistura de alegria e orgulho. Lembrar a odisseia de nosso pai, que com o trabalho simples em uma cadeira de engraxate nos fez adultos, honestos e dignos do orgulho da nossa história. Ele contou sempre com sua amada Rosina, o alicerce para seguir em frente" diz, emocionada, a filha Carmela. Ela afirma também que a "terra lontana" estará sempre presente em suas vidas.
"Só quem emigrou consegue avaliar o quanto dói uma saudade e como é difícil se dividir em dois. Uma parte de você fica lá e outra vai embora. Deixar suas raízes e entes queridos que nunca serão esquecidos é um sentimento que nos acompanha para o resto da vida... No dia de hoje, em que festejamos 60 anos de imigração, quero homenagear meus pais e dizer o quanto nos sentimos orgulhosos. Quero também dividir isso com todos os imigrantes, assim nos sentiremos fortalecidos. Não posso deixar de agradecer ao Brasil, esta terra que acolhe não só italianos mas imigrantes de todo o mundo", completa Carmela Rizzo.