No mês da mulher, o historiador Martin Norberto Dreher, conhecido por suas publicações relativas à imigração alemã, lançará um livro sobre uma das mulheres mais difamadas e controvertidas na história e na literatura gaúchas, apresentando-nos o novo rosto de Jacobina Mentz Maurer e do Movimento Mucker. A pesquisa teve apoio de Leandro Karnal, João Guilherme Biehl e Maria Amélia Schmidt Dickie.
Trabalhando com fontes alemãs e dando destaque aos autos do processo contra Jacobina e os Mucker, Dreher nos traz muito do que foi silenciado pelas pesquisas anteriores. Propositalmente?, especula o autor. Outra novidade do estudo do historiador, filho de Montenegro, é trabalhar Jacobina e os Mucker pelo viés da religião, das discussões filosóficas e ideológicas e verificar que a colônia alemã de São Leopoldo era, no século 19, um micro do macro mundial.
Em São Leopoldo e Porto Alegre, discutiam-se darwinismo, materialismo, liberalismo, iluminismo, pietismo, ultramontanismo e romanização. E havia pessoas que pensavam que o Brasil daquele então era espaço de liberdade, no qual, modernamente, se teria a possibilidade de optar. A realidade, porém, era outra. Pouco espaço era dado ao diferente. E, assim como aconteceria em outras partes do Brasil, optou-se por ridicularizar e pelo massacre, concluído em 2 de agosto de 1874, junto ao Ferrabrás, prelúdio dos massacres que aconteceriam em Canudos, no Pinheirinho, em relação aos Monges Barbudos, no Contestado, no Caldeirão e em tantos outros lugares. O livro inaugura reflexão sobre razões da falta de diálogo em nossa sociedade.
A obra A Religião de Jacobina, publicada pela Editora Oikos, será lançada no próximo dia 23 (uma quinta-feira), no Centro Evangélico, junto à Igreja de Cristo (do Relógio), em São Leopoldo. Informações: (51) 3568-2848.
Colaborou Erny Mugge