O número de pacientes internados em estado grave com coronavírus em Porto Alegre está diminuindo: são 606 atualmente, 26 pessoas a menos do que o registrado na quinta-feira (15). Na comparação com dados de quatro semanas atrás, houve uma queda de 27% nessas internações, já que, no dia 19 de março, 830 doentes com covid-19 estavam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
A redução de pacientes impacta, consequentemente, na redução da ocupação das UTIs. Esta sexta-feira (16) é o quinto dia consecutivo em que as UTIs de Porto Alegre têm índice de ocupação geral menor do que 100%. De acordo com o painel de monitoramento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), as UTIs estão com 97,4% da sua capacidade ocupada nesta tarde.
Em consulta à ferramenta da SMS por volta das 15h, a oferta de leitos intensivos da Capital era de 975, sendo que 942 estavam ocupados. Como há oito bloqueados para procedimentos de manutenção, o total de camas livres é de 25. Já a fila de espera por um leito intensivo soma 102 pessoas. Dessas, seis estão recebendo cuidados em unidades de pronto-atendimento (UPAs) e outros 96 pacientes, com quadro de saúde considerado grave, estão ocupando leitos adaptados em emergências.
Segundo a diretoria de Atenção Hospitalar da SMS, se a tendência de queda no número de novos casos da covid-19 e de internações pela doença continuar, é esperado que alas — como salas de recuperação— que haviam sido transformadas em UTI gradualmente retornem às suas funções originais. Esse movimento é para dar conta de outras demandas hospitalares que têm estado reprimidas ao longo da pandemia e já pode ser observado em instituições da Capital. A oferta de leitos de UTI no hospital Divina Providência, por exemplo, era de 70 há uma semana e hoje é de 58. Mas a diretoria técnica da instituição reforça que, se necessário, pode voltar a ampliar sua oferta de leitos intensivos.
— Esse processo decorre da necessidade de reorganização do hospital no sentido de adequar-se ao perfil dos atendimentos. Trata-se de um reposicionamento dos desenhos assistenciais, consequência de uma redução dos atendimentos covid agudos, permanência e ampliação dos espaços para covid crônico, estruturação de operações para alocação em leitos dedicados à reabilitação respiratória e resgate de áreas e operações para viabilização de cirurgias eletivas, complexas principalmente (que preveem recuperação em CTI) — afirma Willian Dalprá, diretor técnico do Hospital Divina Providência.
O Complexo Hospitalar da Santa Casa também está começando a readequar espaços as suas finalidades de origem. Diminuiu sua oferta de 166 leitos de UTI, na semana passada, para 154 nesta sexta-feira.
— O próximo passo da Santa Casa vai ser a reabertura de um centro cirúrgico ambulatorial, para cirurgias de menor porte, que estava fechado pois sua sala de recuperação virou uma UTI covid. Reverter essas áreas a salas de recuperação normais possibilita que se reabram salas cirúrgicas, pois os pacientes operados terão onde se recuperar. É uma retomada progressiva do atendimento aos pacientes não-covid, que estão sendo muito represados — afirma o diretor-técnico da instituição, Ricardo Kroef.