O governo do Rio Grande do Sul confirmou nesta sexta-feira (12) a "pressão sobre a capacidade de atendimento hospitalar do Estado" devido ao coronavírus. Quase todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva do RS estão ocupados, apesar do recente aumento de 3% no número total de vagas.
O Executivo gaúcho também ressaltou que, pela terceira semana consecutiva, o RS está classificado em bandeira preta, nível de risco máximo para o coronavírus previsto no modelo de distanciamento controlado do governo do Estado. A definição já havia sido antecipada pelo governador Eduardo Leite. O RS permanecerá nessa classificação de altíssimo risco para a covid pelo menos até 21 de março e com a suspensão do sistema de cogestão, não permitindo, assim, a flexibilização dos protocolos pelas prefeituras.
Dados do governo estadual mostram que aumentou o número de pacientes com covid-19 recebendo tratamento intensivo, e, com isso, quase todos os leitos de UTIs estão ocupados — "o que indica operação acima da capacidade indicada em algumas regiões". Por conta desse índice, o governo confirmou a permanência da bandeira preta a todas as regiões gaúchas.
Para comparação, o governo cita o cenário observado no dia 26 de fevereiro, quando foi divulgado o mapa preliminar daquela semana. No período, o RS tinha 229 leitos livres para atender covid. Na semana passada, no mapa preliminar de 5 de março, esse número passou a ser negativo, com déficit de 25 leitos. Agora, apresenta falta de 213 leitos de UTI.
— Para se ter uma ideia, há 30 dias, tínhamos 800 pessoas em leitos de UTI confirmadas com covid. Passamos para 2,4 mil pessoas em 30 dias. Se esse ritmo continuasse, teríamos de triplicar o número de leitos, o que é inviável. Esse é o tamanho do nosso drama — afirmou o governador Eduardo Leite.
A capacidade hospitalar foi ampliada em 137% desde o início da pandemia, em março de 2020, segundo o governo. Leite reafirmou que o Estado trabalha para viabilizar a abertura de novos leitos de UTI e disse que há, ainda, previsão para inauguração de 183 novas unidades nos próximos 10 dias.
— Não há país no mundo que tenha conseguido superar o coronavírus, ou pelo menos conviver com o vírus, apenas com aumento de leitos, porque a solução efetiva é a vacina. Como ainda estamos com dificuldade a nível nacional de imunizar massivamente e de forma rápida a população, a situação nos demanda habilidade para melhorar a convivência, buscando equilíbrio entre economia e saúde. Sempre tendo claro que saúde e a vida precisam vir acima de qualquer outra coisa, especialmente em um momento crítico como esse que estamos vivendo — destacou Leite.
RS apresenta piora em todos indicadores
Segundo o Executivo estadual, "todos os 11 indicadores monitorados com relação à velocidade de propagação do coronavírus e à capacidade de atendimento hospitalar tiveram piora nesta semana", mesmo calculados "em cima de números recordes da rodada anterior".
O número de registros de novas hospitalizações cresceu 19%, de internados em leitos clínicos, 27%, de internados em UTIs, 19%, e de óbitos, 54%. O RS contabilizou 1.343 mortes em apenas sete dias. Na quinta-feira (11), houve recorde no número diário: foram 276 óbitos confirmados em apenas 24 horas.