Mais hospitais do Rio Grande do Sul estão enfrentando dificuldades para conseguir manter o mínimo de sedativos em seus estoques. Nesta terça-feira (23), a Santa Casa de São Gabriel, na Fronteira Oeste, e a Associação de Caridade de Ijuí, no Noroeste, chegaram ao limite e não sabem até quando vão conseguir manter os pacientes de UTI entubados.
Conforme as duas instituições, medicamentos alternativos já estão sendo usados, e mesmos estes estão próximos de acabar e sem previsão de reposição. A dificuldade dos hospitais é conseguir que as empresas entreguem os sedativos, mesmo com a oferta de pagamento à vista.
A Santa Casa de São Gabriel recebeu alguns sedativos do Hospital de Cacequi nesta terça-feira pela manhã, mas a diretoria da instituição acredita que os medicamentos devem acabar em até dois dias. O diretor técnico Ricardo Coirolo revelou que, na madrugada, pacientes chegaram a acordar da sedação pela falta das drogas.
— Temos neste momento 15 leitos de UTI covid, todos ocupados. Ainda estamos com pessoas em ventilação mecânica no pronto-socorro e até na sala de recuperação. Nesta madrugada, infelizmente, três destes pacientes acordaram, pois não tínhamos mais medicamentos. Com a chegada dos insumos de Cacequi, conseguimos fazê-los voltar (para a sedação) — relatou o diretor.
Em Ijuí, a Associação de Caridade está há duas semanas tentando adquirir medicamentos, mas, até agora, sem sucesso. Nesta terça-feira, a instituição emitiu uma circular para todas as autoridades municipais, estaduais e o Ministério Público alertando para o início do protocolo de catástrofe – o último antes de o hospital entrar em colapso total.
O administrador da instituição hospitalar, Jeferson Pereira, ressalta que há 37 pessoas entubadas sendo atendidas na UTI neste momento e que não sabe até quando vai conseguir manter todas em condições suficientes de sedação.
— Estamos no limite do limite. A partir de agora, se não recebemos novas remessas de medicamentos, vamos entrar em colapso. Vamos chegar ao ponto de não ter mais o que fazer, o que é extremamente preocupante — revelou.