Diante da situação inédita de bandeira preta para a Serra no mapa preliminar do distanciamento controlado, três dos principais municípios da região vão aguardar novas definições antes de adotar medidas mais concretas. As prefeituras de Bento Gonçalves e Farroupilha pretendem publicar novos decretos somente na segunda-feira (22), após reunião do governador Eduardo Leite (PSDB) com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). A conversa servirá para definir se o modelo de cogestão, que permite praticar a bandeira inferior, será mantido ou suspenso. Já Flores da Cunha aguarda o novo decreto do governo do Estado para definir novas diretrizes.
Conforme o prefeito de Bento, Diogo Siqueira (PSDB), se a cogestão for mantida, medidas previstas na bandeira preta não serão adotadas. Caso contrário, a circulação e o funcionamento dos serviços na cidade não será mais rígida do que as determinações do Piratini.
Siqueira afirma defender a autonomia dos municípios, mas reconhece que será inevitável adotar medidas restritivas neste momento. O motivo é a alta velocidade de contágio, que sugere que uma nova variante do coronavírus possa estar em circulação na Serra, embora não haja confirmação.
— Não temos como comprovar sem exame laboratorial, mas é importante destacar que há essa diferença. Estamos tendo outro tratamento nos hospitais. Não é o mesmo perfil que tínhamos no ano passado. Ninguém gostaria de fechar nada, mas temos que ter esse cuidado agora — observa.
Em Farroupilha, o prefeito Fabiano Feltrin (Progressistas) reuniu o secretariado na manhã deste sábado (20) para discutir possíveis medidas a serem adotadas na próxima semana, caso a bandeira preta se confirme. O chefe do Executivo defende que o município poderia estar em bandeira vermelha, mas entende que ele está inserido em uma região.
Assim como Bento Gonçalves, o município vai acatar as determinações do Estado e já decidiu pela suspensão das aulas presenciais na segunda-feira. As escolas, porém, vão estar abertas em regime de plantão.
— Quando começou o alerta na Região das Hortênsias, começamos a ficar preocupados. Depois vimos também que Caxias começou a ter um número maior de hospitalizações. É importante manter os cuidados — lembra Feltrin.
No caso de Flores da Cunha, o prefeito César Ulian (Progressistas) vai se reunir com os comitês de crise que tratam da saúde e da educação assim que sair o novo decreto do Estado. Com as novas diretrizes, serão definidas as medidas a serem adotadas no município. O prefeito disse que já imaginava que bandeira preliminar traria a cor preta e disse que pretende adotar regras de bandeira vermelha se o modelo de cogestão for mantido e a realidade permitir.
— O cenário, a gente vê, deu uma piorada e serve de alerta. Mas sempre temos que nos basear nos dados — defende.
A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) irá contestar o mapa preliminar. Se a bandeira preta for mantida, as normas definidas para esses casos passam a vigorar na terça-feira (23).