Prefeitos do Litoral Norte estão analisando, na manhã deste domingo (31), o decreto do Governo do Estado que interditou praias entre às 18h da segunda-feira (1) e às 8h de terça-feira (2). A proibição surpreendeu os chefes de executivos municipais, que devem emitir uma nota oficial ainda hoje.
— Estamos trabalhando com calma. Não adianta ser contrário à regra sem ter uma solução para apresentar. Mas também não adianta ter o decreto e não ter como fiscalizar. Fomos pegos de surpresa, até porque estamos na melhor fase em relação à covid-19 dos últimos 30 ou 40 dias. Mas também não sabemos com que força isso vai voltar — disse Flori Werb (Progressistas), prefeito de Itati e presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte).
A entidade é composta por 23 prefeitos, que estão conversando desde o sábado, quando souberam da publicação da atualização do decreto do governo. A regra de fechamento das praias para evitar aglomerações no feriado de Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá foi publicada no sábado pelo governo do Estado, depois de diálogo com entidades religiosas.
— Acho que o governo quer mais publicidade do que resolver o problema. Nós, em Xangri-lá, nem temos festa de Iemanjá, não interfere. Mas as pessoas ficam na praia até mais tarde. Não precisa começar essa proibição às 18h, pois as festas nem começam nesse horário. E, aliás, antes das 18h não pega covid-19? — reclamou o prefeito Celsinho Barbosa (PTB), de Xangri-lá.
Segundo Celsinho, todos os prefeitos estão preocupados com a prevenção e já tomando medidas. Ele contou que na madrugada deste domingo, fiscais sanitários, com apoio da Brigada Militar, tiveram que agir para cessar uma festa com cerca de 120 pessoas na casa de um ex-jogador de futebol.
A prefeita em exercício de Capão da Canoa, Juliana Martin (MDB), avalia que o município terá dificuldade em fazer a fiscalização:
— Efetivamente será quase impossível o município e seu efetivo fiscalizar e fazer cumprir o fechamento da nossa praia, considerando inclusive a extensão da nossa faixa de areia. Ao meu ver, afeta diretamente a liberdade religiosa do povo gaúcho, independente do credo. Com mais diálogo e bom senso seria possível permitir as celebrações dentro dos protocolos e das normas para fazer tudo em segurança. No entanto, o governo do Estado entendeu que esta é a melhor forma de enfrentar a situação. Cabe a nós, município, dentro das nossas limitações colocar nossos fiscais à disposição para fazer cumprir a imposição do governador.