O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, decidiu na segunda-feira (26) que não receberá pacientes de coronavírus em unidades de tratamento intensivo (UTI) por dois dias. A decisão ocorre para evitar a lotação da ala. Nesta terça-feira (27), 100% dos 31 leitos intensivos destinados ao tratamento de pacientes com covid-19 eram ocupados, conforme painel de dados da prefeitura.
Dados do Moinhos de Vento mostram que o hospital fechará outubro com mais atendimentos a suspeitos ou confirmados para covid-19 na tenda de triagem do que no mês anterior. Em setembro, foram 2.548 pacientes recebidos e, desde 1º de outubro até o último domingo (25), foram 2.502 pessoas.
Em nota, o Moinhos de Vento informa que restringiu o atendimento a pacientes externos com covid-19 por 48 horas para “manter a qualidade, a segurança e os atendimentos a outras doenças”. O hospital justifica a decisão, tomada pelo Comitê de Enfrentamento do Coronavírus, devido “à lotação das áreas destinadas a pacientes infectados com coronavírus na Unidade de Internação, Emergência e CTI”. O cenário é reavaliado a cada 24 horas.
Porto Alegre, que assistia desde setembro a uma redução semana após semana na ocupação das UTIs, viu o movimento de queda estacionar. Nas últimas duas semanas, a média móvel de leitos usados não variou — ficou em 242 pessoas internadas diariamente.
Os hospitais Cristo Redentor e Independência também apresentam 100% de lotação em Porto Alegre. A lotação geral dos hospitais da cidade estava em 90%, segundo dados da manhã desta terça.
É preciso ressaltar, contudo, que, com a melhora da epidemia, o sistema de saúde da capital gaúcha começou a transferir alguns leitos de UTI focados em covid para atender a pacientes com outras doenças. O objetivo é dar conta da demanda reprimida de pacientes que não se trataram durante o pior estágio da epidemia.
O cenário de piora se mostra também no modelo de distanciamento controlado: depois de duas semanas sem registrar regiões em bandeira vermelha, que indica alto risco para o coronavírus, o governo do Estado apontou piora em três regiões. Após recursos, apenas a zona de Cruz Alta se manteve na bandeira vermelha.