A atualização do distanciamento controlado no Rio Grande do Sul, que promoveu o retorno de três regiões incluídas na bandeira vermelha para a bandeira laranja gerou misto de reações entre prefeitos. Integrantes de municípios das regiões que conseguiram a reversão comemoraram a decisão do Piratini. No outro lado, prefeitos de áreas mantidas sob as regras mais rígidas expressaram posicionamentos que vão desde a aceitação e compreensão até a insatisfação.
O novo mapa, que começa a valer a partir desta terça-feira (30), mantém as regiões de Santo Ângelo, Passo Fundo, Porto Alegre, Capão da Canoa, Novo Hamburgo e Canoas na bandeira vermelha. As áreas de Palmeira das Missões, Erechim e Caxias do Sul voltaram para a bandeira laranja após recurso.
Repercussão nas regiões
Retorno à bandeira laranja
Região de Erechim
O prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, afirma que os servidores da saúde do município mais uma vez demonstraram que sabem o que estão fazendo, em referência ao recurso apresentado e acatado:
— Todos os nossos passos são determinados, em relação a esta pandemia, pelos profissionais da saúde.
Região de Palmeira das Missões
O prefeito de Palmeira das Missões e presidente da Famurs, Eduardo Freire, lembra que individualmente o município não apresentou recurso e que o encaminhamento foi feito pela Associação dos Municípios da Região Celeiro (Amuceleiro):
— Independente da bandeira, estaremos tomando diversas atitudes com o intuito de evitar o agravamento da situação.
Região de Caxias do Sul
Por meio de comunicado, o vice-prefeito, Edio Elói Frizzo, destacou o esforço da região no pleito que garantiu a reversão.
"A Amesne (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste) e o Observatório Regional criaram as condições para alterarmos significativamente a análise dos índices. O trabalho dessas entidades, somado ao Corede e a 5ª Coordenadoria de Saúde possibilitou que criássemos condições de rever a bandeira. Ganha a cidade e principalmente o comércio, que é o setor mais atingido, o que não significa que estamos desprezando os cuidados e o direito à vida e priorizando a economia. Caxias deu exemplo fechando domingo, inclusive os supermercados, evitando as aglomerações. Vamos continuar com esse trabalho e ajuda da população nesse sentido", diz Frizzo na nota.
O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, diz que ficou feliz e satisfeito com a aceitação do recurso pelo Estado:
— O município de Bento Gonçalves e a Serra gaúcha se sentem satisfeitos com a posição do Estado. O que nos enche de responsabilidade a partir de uma condição de termos mais uma semana para manter os nossos indicadores e buscar a todo momento reduzir os impactos que o coronavírus vem fazendo em nossa sociedade.
O prefeito de Vacaria, Amadeu Boeira, afirmou que a decisão do governo é “boa”, pois permite cuidar da “economia e da saúde”. Boeira destacou que o município vai reforçar restrições, principalmente à noite para evitar aglomerações e cobrar com mais força o uso de máscaras. Segundo o chefe do Executivo, o município está aportando recursos para abrir mais quatro leitos de UTI.
Mantidos sob bandeira vermelha
Região de Canoas
A prefeitura de Canoas reforçou o entendimento de que a “continuidade da bandeira vermelha é reflexo da gravidade que se observa nesse momento” no Estado. Nota assinada pelo prefeito Luiz Carlos Busato reitera que o município seguirá as determinações do governo estadual em relação ao distanciamento controlado.
Região de Capão da Canoa
O prefeito de Imbé e presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), Pierre Emerim, afirma que a entidade não demonstra contrariedade à manutenção da bandeira, mas discorda do cálculo do governo para definição da quantidade de população da região.
Emerim entende que o Estado tem de levar em conta as pessoas que vão passar a quarentena no Litoral Norte nesse sentido, o que impactaria em maior investimento em leitos e recursos na região. Esse tema será discutido com o governador em reunião com a Amlinorte programada para ocorrer nesta terça-feira (30).
— As prefeituras estão seguindo a risca o decreto. A circulação e a aglomeração nas ruas diminuíram consideravelmente nas últimas horas e nós esperamos, que em 10, 15 dias, os resultados práticos sejam resumidos aos números — afirmou.
Região de Novo Hamburgo
Por meio de nota, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, afirmou que os estudos que embasam as bandeiras de distanciamento precisam “ser cumpridos à risca, sem flexibilizações pontuais”. Vanazzi encaminhou nesta segunda-feira (29) ofício ao governador pedindo ações mais firmes em relação ao combate à pandemia, principalmente na Região Metropolitana e Vale do Sinos.
“Os sinais de esgotamento do sistema de saúde de cidades da região metropolitana como Canoas e Novo Hamburgo nos levam a um risco muito sério de colapso no atendimento à população", diz trecho da carta do prefeito.
Região de Passo Fundo
O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, afirmou que existe “um sentimento de insatisfação regional em relação à decisão”, que impacta na economia da região. Azevedo diz que as pessoas e as vidas precisam ser colocadas em primeiro lugar, mas que “manter tudo fechado” neste momento traz mais prejuízos do que solução.
— Estamos avaliando aqui coletivamente uma posição regional, porque não concordamos com essa decisão que foi tomada.
Porto Alegre
A prefeitura de Porto Alegre, reforçou, por meio de nota, o mesmo posicionamento de sexta-feira passada, quando foi anunciada a atualização parcial das bandeiras. O Executivo da Capital destaca que tem tomado decisões sobre restrições à circulação de pessoas e atividades econômicas com base na demanda por leitos de UTI.
“No momento, as projeções de crescimento vêm se concretizando, o que obriga o governo a manter as regras anunciadas e ampliadas durante esse mês. Se considerarmos apenas a ocupação dos leitos de POA por pessoas de fora da cidade, a cautela do Estado em relação à região metropolitana já é absolutamente justificável”, diz trecho do comunicado.
A reportagem tenta contato com a prefeitura de Santo Ângelo e com a Associação dos Municípios das Missões (AMM), mas não obteve retorno até as 20h30min.
*Colaborou Anderson Aires