O frigorífico Nicolini, de Garibaldi, na Serra, vai fechar por três dias e retomar atividades com no máximo 370 dos 1.500 trabalhadores. A medida é parte do termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta terça-feira (5).
O documento estabelece que os ambientes internos e externos sejam higienizados e adaptados nos dias de suspensão da empresa, e que os funcionários passem por testagem e avaliação médica individual.
A última semana registrou um aumento de 10 para 60 casos confirmados de funcionários com covid-19. Além deles, outros 90 são suspeitos e mais 200 estão em observação por terem tido contato com diagnosticados.
Os trabalhadores diagnosticados são residentes de São Leopoldo, São Sebastião do Caí, Imigrante, Garibaldi e outros municípios da região.
A constante fiscalização dos órgãos de segurança do trabalho reportou ao MPT que as condições de funcionamento do estabelecimento precisavam ser revistas.
— A situação não estava controlada a ponto de garantir que as pessoas que estão lá dentro não estão contaminadas — explicou a procuradora Priscila Dibi Schvarcz, gerente nacional adjunta do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos, do MPT.
— É importante para mostrar que é menos traumático resolver uma questão negociando do que precisando pedir interdição com decisões judiciais — declarou.
O frigorífico suspenderá suas atividades entre a sexta-feira (8) e domingo (10) para higienização dos espaços e estabelecimento das distâncias de 1,8 metros entre cada posto de trabalho. A partir da segunda-feira, funcionários que não apresentam sintomas nem tiveram contato com infectados serão avaliados individualmente para voltarem à empresa. Durante 14 dias, apenas 370 dos 1.500 funcionários trabalharão. A produção que chega a 290 mil aves abatidas por dia será reduzida para cerca de 90 mil.
Ao fim do período de quarentena, grupos de funcionários passarão pelas avaliações médicas e retornarão gradativamente às atividades. Máscaras específicas, distanciamento mínimo, avaliações individuais e testagem de todos trabalhadores serão procedimentos obrigatórios para empresa ao longo do mês de maio.
O TAC prevê a cobrança de uma multa de R$ 30 mil, caso o frigorífico não cumpra algum dos itens estabelecidos no documento. A cidade de Garibaldi tem 29 casos confirmados de coronavírus e três mortes, com incidência de 87,5 a cada 100 mil habitantes — a média do RS é de 17,7.
Focos de contágio
Outros frigoríficos no RS também preocupam as autoridades. O levantamento epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde apontou que além do Nicolini, que firmou TAC hoje perante o MPT, e o da JBS em Passo Fundo, que ficou fechado por 14 dias por ação do MPT, outros sete estabelecimentos gaúchos são foco de contágio de covid-19. Números da secretaria mostram ainda que pelo menos 124 pessoas foram infectadas nesses ambientes e sete óbitos foram confirmados de maneira direta ou secundária.