O governador Eduardo Leite afirmou, na tarde desta sexta-feira (17), que a situação da Região Metropolitana de Porto Alegre é “bem mais complexa” que a da Serra Gaúcha, em resposta aos pedidos de prefeitos que desejam a flexibilização das regras para o comércio em municípios próximos à Capital. Conforme o governador, a Região Metropolitana concentra 40% da população e tem mais de 60% dos casos de coronavírus do Estado, enquanto a Serra tem 7% da população e 7% dos casos.
Apesar da fala cautelosa, Leite sugeriu que o pedido dos prefeitos será analisado. O governador indicou que a análise levará mais tempo do que no caso da Serra – em que os prefeitos pediram em um dia e, no seguinte, houve mudança de postura do Piratini.
– É uma situação bem diferente na região metropolitana de Porto Alegre. O governo está aberto a ouvir os argumentos, mas deverá ser evidenciado por esses prefeitos se desejarem tratamento diferenciado, e terá que ser discutido inclusive com os demais municípios da região. A situação é bem mais complexa na região metropolitana de Porto Alegre e deverá ser analisada com uma profundidade, que demandará certamente mais dias – disse Leite, durante transmissão ao vivo em rede social.
“Critério desconexo com a realidade”, dizem prefeitos
A pressão de parte dos prefeitos da região metropolitana de Porto Alegre pela reabertura do comércio começou na quinta-feira (16), após Leite flexibilizar as regras para a Serra, também por pressão de gestores municipais. Nesta sexta (17), no meio da tarde, dez prefeitos da região metropolitana entregaram uma carta ao governador em que reclamam de “tratamento desigual”.
No documento, são comparadas as situações de diferentes municípios. É citado o caso de Araricá, na região metropolitana, em que não há casos confirmados de coronavírus, mas o comércio está proibido. Em comparação, os prefeitos citam municípios que têm autorização para funcionamento das lojas, como é o caso de Passo Fundo, com 30 casos confirmados, e Bagé, com 28 – respectivamente a terceira e a quarta cidades com mais casos no Estado.
“Ainda, Torres, cidade litorânea, conta com 9 casos, o que representa 22 (casos) por cem mil habitantes, mesmo índice de Bagé, que depois Caxias e Porto Alegre, tem o terceiro maior contingente de contaminação e, por uma escolha com critério desconexo com a realidade, poderá abrir seu comércio”, diz o documento, assinado pelos prefeitos de Campo Bom, Dois Irmãos, Lindolfo Collor, Presidente Lucena, Morro Reuter, Sapiranga, Estância Velha, Araricá, Nova Hartz e Ivoti.
Mais tarde, em entrevista ao canal CNN Brasil, Leite citou o caso de Bagé, onde a volta do comércio provocou aglomerações.
— Demos essa possibilidade aos prefeitos de estabelecer, nos seus municípios, as regras específicas. O caso de Bagé, confesso, me surpreendeu, por ser uma das cidades com maior incidência, que o prefeito tenha feito (a liberação do comércio) antes mesmo da portaria com as novas regras. O próprio prefeito disse que pode rever a reabertura se não houver a colaboração da prefeitura e de empreendedores. E vamos monitorar também. Se não houver ação dos prefeitos, o governo do Estado está disposto a fazer a revisão do decreto estadual.
O governo do Estado mantém um portal com os indicadores como número de casos, número de óbitos e incidência por 100 mil habitantes, neste link.