Com a retomada gradativa das atividades econômicas no Rio Grande do Sul, diversas empresas gaúchas estão comprando testes que ajudam no diagnóstico de coronavírus. Com o objetivo de testar funcionários e evitar que o ambiente de trabalho sofra com um surto da covid-19, kits já estão sendo usados principalmente na indústria do Estado. Nas próximas semanas, com a chegada de novos lotes do Exterior, a testagem deve ser intensificada.
A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) estima que o setor privado já comprou ou negocia mais de 30 milhões de unidades de testes da covid-19, que devem chegar ao país entre maio e julho. Mais de 80% dos kits adquiridos são do chamado teste sorológico, feito a partir da extração de uma gota de sangue do paciente e cujo diagnóstico ocorre em poucos minutos.
O presidente executivo da CBDL, Carlos Eduardo Gouvêa, destaca que há uma corrida pelos testes em todo o mundo. Com isso, muitas empresas brasileiras ainda enfrentam dificuldades para fechar acordos de importação dos itens. Geralmente, o produto vem da China. No entanto, aos poucos se fortalece a compra de testes da Coreia do Sul e de países europeus, como Alemanha, França e Suíça.
No Brasil, a demanda por testes da covid-19 é puxada por grandes empresas, já que o custo do item é considerado alto. O preço médio de cada kit fica na faixa de R$ 140 a R$ 150. No país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por registrar e autorizar o uso dos testes. Nas últimas semanas, a agência aprovou 41 tipos de produtos de diferentes fabricantes.
-É um custo acima da média, se comparado com testes de outras patologias. A expectativa é de que o kit se torne mais barato, conforme o produto se torne mais acessível - aponta Gouvêa.
Marcopolo deve receber mais 3 mil kits
Principal polo industrial do Rio Grande do Sul, a Serra é uma das regiões com mais empresas em busca dos testes. Somente a Marcopolo, de Caxias do Sul, está utilizando uma remessa de 500 kits e deve receber mais de 3 mil unidades vindas da China até o final da semana. A fabricante de ônibus está com cerca de 4 mil funcionários em atividade e tem outros 4 mil com contrato suspenso nas plantas de Caxias.
Na entrada da fábrica há um ambulatório de triagem, onde todos os colaboradores têm a temperatura medida todos os dias. Caso se identifique alguma alteração, a pessoa é encaminhada para atendimento. Até o momento, nenhum exame deu positivo para covid-19.
-Acreditamos que ainda não há a necessidade de testar todo mundo, mas estamos adquirindo os testes para caso seja preciso mais adiante – relata Jaqueline Taschetto, coordenadora médica da Marcopolo.
Em Porto Alegre, o Sindicato dos Lojistas do Comércio (Sindilojas) se articula para fechar a compra de 5 mil kits oriundos da China. O presidente da entidade, Paulo Kruse, destaca que o objetivo é revender, a preço de custo, aos associados.
- Com esses testes seria possível atender em torno de 500 empresas – estima o dirigente.
A expectativa do Sindilojas é fechar a compra até terça-feira. Com isso, os testes devem chegar à Capital em quatro dias e, em seguida, passariam a ser distribuídos aos lojistas.
Médico infectologista do Hospital Conceição, André Luiz Machado salienta que é necessário ter cautela em relação aos testes rápidos. O especialista explica que a eficácia deste tipo de kit é maior somente após oito dias do início da infecção. Antes disso, a probabilidade de um resultado negativo ser falso é alta.
- O papel do teste rápido é identificar pessoas que tiveram ou estão tendo a doença e preservá-las, mas não é a salvação da lavoura. Diante de um resultado negativo, sempre é importante avaliar o contexto e verificar os sintomas apresentados – explica.