Longe das grandes cidades e de largas rodovias esconde-se uma das mais impressionantes obras da engenharia brasileira. Entre dois morros arborizados no município gaúcho de Vespasiano Corrêa, no Vale do Taquari, o Viaduto 13 se ergue com imponentes 143 metros de altura e 509 metros de extensão. Inaugurado em 1978, o V13 é o segundo viaduto férreo mais alto do mundo e o maior da América Latina.
A estrutura integra os 156 quilômetros da Ferrovia do Trigo – também chamada de Estrada de Ferro 491 (EF-491) –, que liga as cidades de Roca Sales e Passo Fundo. A obra demorou mais de 20 anos para ser concluída.
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Atualmente, os trilhos são mais utilizados por pessoas do que por trens, que raramente passam pela rota. Já os aventureiros procuram o trajeto para fazer trekking e apreciar as vistas alucinantes que o caminho oferece. O trecho mais utilizado para trilha são os cerca de 50 quilômetros entre Muçum e Guaporé. Nessa travessia, é onde estão a maioria dos 26 viadutos e 34 túneis da Ferrovia do Trigo.
Apesar do desejo de fazer o percurso todo, ainda não consegui arranjar os três dias em que programo completar o roteiro. Mas o convite de uma amiga para assistir ao show da banda Menino Everaldo em Guaporé possibilitou que eu finalmente conhecesse o Viaduto 13 de que tanto ouvia falar.
De Porto Alegre até lá são uns 170 quilômetros. Cerca de 20 deles são por uma estrada de paralelepípedo e chão batido. Para entrar nessa via, é preciso dobrar à esquerda antes do pequeno viaduto do trem sobre a RS-129. A pista está em boas condições e costeia um pedaço do Rio Guaporé.
Dá para achar um cantinho na rua para deixar o veículo e encontrar uma maneira de descer a pequena encosta que separa a estrada do rio. Os momentos de paz ouvindo o barulho da água e contemplando o cenário bucólico antecipam a felicidade de chegar ao V13.
Mais alguns minutos andando de carro e chega-se aos pés do viaduto. Fascinante é uma boa palavra para descrever a construção. Os olhos acompanham abismados as colunas de concreto desde o solo até os trilhos em um movimento vertical que parece não terminar. Turistas batem fotos e mais fotos sem acreditar na magnitude dos pilares. Esta área na parte de baixo do viaduto possui espaços de convivência como churrasqueira, campo de futebol, bar e restaurante.
Após essa parada, foi a hora de ir para os trilhos. Uma subida íngreme em uma estrada de terra batida precária leva o viajante até lá. À direita, a imensidão do viaduto. À esquerda, a escuridão do túnel. Optamos por começar o passeio pelo viaduto.
Diversas pessoas já estavam por lá admirando a vista. Muitos pareciam ter medo e não ousavam chegar perto das bordas e dos refúgios. Outros se arriscavam até demais. Cruzamos o meio quilômetro do viaduto brincando de se equilibrar sobre os trilhos e posando para fotos.
No túnel, é necessário acender as lanternas dos celulares para minimizar o breu. A temperatura baixa drasticamente ali dentro. Já a adrenalina aumenta ao caminhar em um local fechado no interior de um morro sem saber se o trem vai passar. Mais ou menos na metade do túnel, cinco aberturas deixam o sol entrar e produzem um belo jogo de luz e sombra.
Ao sair da galeria, chega-se a uma parte aberta dos trilhos na encosta do morro. A vegetação é abundante. Logo em seguida, começa um outro túnel. Passamos por ele para conhecer o caminho (já estávamos estudando o terreno para um dia fazer a trilha completa). Ele é menor e menos interessante do que o anterior, mas a entrada no meio da mata tem um ar misterioso que torna a exploração quase irresistível.
A trilha segue por dezenas de quilômetros, mas ainda tínhamos mais de uma hora de estrada pela frente até chegar a Guaporé. Nos contentamos com as descobertas incríveis do dia e começamos a nos dirigir para o carro. Tivemos a sorte de voltar bem na hora do entardecer e poder apreciar o Viaduto 13 colorido pelo laranja do pôr do sol.