O maior rigor nos procedimentos de embarque, iniciado às vésperas da Olimpíada, tem levado os viajantes a chegarem mais cedo aos aeroportos e a adotarem precauções para agilizar o atendimento no raio X. Conforme órgãos de fiscalização nos aeroportos, companhias aéreas e os próprios passageiros, passados os primeiros dias de mudanças, os tumultos escassearam.
– Já viemos mais cedo porque sabemos que pode demorar um pouco mais o atendimento – afirmou Eduardo Vaz, que veio de Goiás com a esposa para desfrutar de uma semana na Serra Gaúcha.
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Seguindo recomendação da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para voos domésticos no período dos jogos, o casal chegou duas horas antes ao aeroporto Salgado Filho para embarcar de volta para casa.
– As filas aumentaram no check-in e no acesso à área de embarque, mas não chegam a ser um problema – comentou Vaz.
Para evitar perder tempo no raio X, ele já trouxe o notebook em uma maleta separada e despachou todos os materiais de metal, reduzindo o risco de ter de revirar a mala de mão na esteira ou ser chamado para uma revista mais minuciosa na sala da Polícia Federal.
– Na vinda, tomamos esses cuidados e não tivemos nenhum contratempo – garantiu.
Alguns passageiros se mostram surpresos com filas mais extensas no check-in – mesmo que o procedimento de segurança ocorra mais à frente, no controle de acesso à área de embarque. Camila Paties, que veio de Rio Grande para embarcar para Xangai com o marido e o filho, estranhou o rigor na fiscalização no balcão da companhia aérea. Com passagens e documentos em mãos, foi cobrada do visto – e acabou submetida a uma detalhada análise de documentos antes da emissão da passagem.
– Estranhei que esta questão do visto esteja sendo tratada no check-in, e não na triagem da PF, como é usual. Talvez seja em razão da Olimpíada – disse.
Conforme a Anac, as empresas aéreas foram orientadas a abrir antes o procedimento de inspeção, em caso de necessidade. O órgão informou, por meio de nota, que cabe às companhias aéreas definirem estratégias para melhor aplicação dos procedimentos. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), não houve mudança nos protocolos de segurança no check-in – apenas o pedido para que os passageiros o façam mais cedo.
Apesar de queixas pontuais, o ambiente no saguão do Salgado Filho na tarde de segunda-feira, quando a reportagem esteve no aeroporto, era de tranquilidade. Prevenidos para uma eventual espera, muitos chegaram com o check-in já realizado, quando precisam apenas despachar a bagagem. O que incomoda é se há demora nesta etapa.
O paulista Johnny Palma demonstrava impaciência para entregar as malas. Quando esperava havia quase 40 minutos sua vez para ser atendido, junto da esposa e da filha, Palma disse que temia perder o voo que sairia dentro de uma hora.
– E nem chegamos ao raio X ainda, que é onde a demora está maior – reclamou.
De acordo com a Infraero, o maior número de atendentes e a organização dos próprios passageiros permitiram que a situação se normalizasse na área de check-in e nos raios X após o aperto na fiscalização nos primeiros dias.
Também não houve aumento significativo dos objetos descartados no raio X e nem mudança do perfil de pertences recolhidos, informa a administração da Infraero no Salgado Filho. Os materiais mais barrados continuam sendo os cortantes, como tesouras, ferramentas como chaves de fenda e estiletes. No ano passado, foram descartados 1,5 tonelada destes objetos identificados no raio X.