Ana Paula Dehnhardt Guasti, 24 anos, pretende unir o útil ao agradável nas próximas férias. Em janeiro de 2017, vai viajar aos Estados Unidos e estudar Business and Management. A jovem formada em Mídia Eletrônica optou por um modelo de intercâmbio que se torna atrativo em tempos de crise econômica: cursos de curta duração focados na profissionalização ou no aprimoramento de um idioma.
Para não adiar o sonho da primeira experiência internacional que pudesse lhe proporcionar mais do que compras, Ana Paula se planejou. Passou em uma agência especializada, conversou por horas com consultores e negociou até encontrar o modelo que se encaixasse no seu orçamento.
– Se eu fizesse somente uma viagem nesse tempo, talvez gastaria o mesmo valor (em torno de R$ 11 mil) e com o intercâmbio consegui financiar até o fim do ano que vem, depois da viagem. Com o curso, vou agregar experiência internacional à minha carreira, fora a troca de culturas por lá, já que escolhi o modelo de residência universitária – explica a jovem.
Ana Paula vai estudar na Stafford House, em San Francisco, na Califórnia e, além de ter aulas teóricas, vai poder visitar empresas como a Microsoft. A escola é vinculada à britânica de Cambridge.
O tipo de experiência procurada pela manezinha é o mesmo de aproximadamente 70% dos orçamentos solicitados à operadora de turismo CVC em 2015: jovens com mais de 25 anos em ascensão ou em posições estratégicas a fim de conciliar a viagem de férias com um curso de aperfeiçoamento no exterior.
Se há 20 anos os cursos de curta duração não atingiam 30% da preferência, o modelo parece ter caído no gosto dos intercambistas. A Brazilian Educational & Language Travel Association estima que, entre os mais de 230 mil brasileiros que viajaram para o exterior para estudar em 2014, pelo menos 40% tenha optado por cursos com duração de até um mês.
O diretor da CI Intercâmbio, uma das principais empresas do ramo no Brasil, Rafael Dib João, reforça a tendência de consumo de aliar viagem e upgrade no currículo.
– É uma realidade. Estamos atendendo muitas pessoas que pegam rescisão, férias, fazem uma economia e saem do país para se especializar. Aproveitam o momento que não é bom por aqui. Muitas vezes escolhem países que permitem trabalho, para que possam se manter por lá. Aliam estágio, curso de idioma e trabalho – diz.
Comprar com antecedência, parcelar os pacotes, utilizar milhas para as passagens aéreas e se hospedar em casa de família são outras recomendações para momentos de contas apertadas e sonhos altos.
– O esforço é válido porque um mês no exterior é equivalente a seis meses no país de origem, se considerarmos o aprendizado – diz Rafael, que rebate as críticas frequentes de cursos menores não valem tanto a pena.
Em família
A busca de jovens profissionais brasileiros por novas alternativas no exterior ao longo dos últimos 12 meses também foi comprovada pelo Student Business Bureau (STB). Essa demanda aumentou 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Países como Canadá, Austrália, Irlanda e Nova Zelândia chamam a atenção dos brasileiros por oferecerem possibilidades de estudo e trabalho a estrangeiros. Anualmente esses destinos divulgam listas de profissionais requisitados para complementar a mão de obra local, o que significa um facilitador para a segunda cidadania.
Além dos jovens, famílias rumam em busca de novas oportunidades para colocação no mercado. Um exemplo é o Canadá, onde os benefícios são estendidos a toda a família.
– Quando o aluno vai com a família para programas em instituições do governo, todos recebem visto. Outra possibilidade interessante é quando o cônjuge já chega ao Canadá com emprego. Nesse caso, os filhos podem fazer ensino médio gratuito – destaca Bruno Contrera, gerente de produto do STB.
Jovem cria empresa que combina intercâmbio e voluntariado
Múltiplos destinos
Além de eleger países onde a moeda local não esteja tão valorizada em relação ao real (confira lista abaixo), outra recomendação para quem deseja viajar ao exterior em intercâmbio nos próximos meses é optar por programas que ofereçam múltiplas opções de destinos. A diretora da Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil (Abipe), Paula Semer Prado, destaca o programa IAESTE, da sigla International Association for the Exchange of Students for Technical Experience – entidade não governamental, apolítica e sem fins lucrativos, membro consultivo da Unesco, fundada em 1948 pelo Imperial College, em Londres.
– Há possibilidades de estágio remunerado por este programa em cerca de 90 países. Os países do leste europeu, por exemplo, disponibilizam todos os anos vagas de estágio para estudantes brasileiros inscritos nele. Outra opção interessante é viajar para os países da América Latina – orienta.
Critérios como período do estágio, pré-requisitos exigidos pelo empregador e valor da bolsa-auxílio a ser paga também devem ser levados em consideração nesse processo que, conforme Paula, proporciona ganhos em flexibilidade e respeito à diversidade.
– Além disso, o estágio remunerado favorece aqueles que buscam um intercâmbio em que parte do investimento pode ser amortizado. O recebimento de uma bolsa auxílio na moeda local cobre os principais custos de acomodação e alimentação durante o período do estágio, facilitando assim a ida do brasileiro ao exterior – completa a especialista.
Oportunidade para tirar as dúvidas
Entre os dias 3 e 7 de outubro, palestras online com informações detalhadas sobre os melhores destinos para uma experiência internacional serão distribuídas em diferentes horários para que interessados possam participar em tempo real do 1º Congresso Online Intercâmbio de Sucesso. Perguntas e respostas serão abertas para quem se inscrever no evento. Também haverá transmissão por redes sociais e o conteúdo será gravado para que ninguém perca qualquer detalhe. Os custos de um intercâmbio também estão em pauta, já que o dinheiro costuma ser a principal barreira para os estudantes. O evento é gratuito.