A ilha de San Andres tem apenas 32 quilômetros quadrados de terra cercada pelo mar do Caribe. Chamado de "mar de sete cores", a paleta contempla incontáveis tons de azul e verde, dependendo da profundidade e das barreiras de corais. Da margem se tem ideia das mudanças de cor, mas é nos passeios de barco que os olhos captam todas as nuances.
- Acá se bañan las chicas - repetem os marinheiros, apontando para o azul-turquesa das águas pouco profundas. - Y más allá, en azul más oscuro y más profundo, es donde se bañan las suegras - agregam, arrancando gargalhadas dos turistas latinos que não têm dificuldade para entender a mistura de espanhol e de creole, a língua dos simpáticos nativos, a maioria descendentes dos escravos que trabalharam para os colonizadores ingleses ao tempo dos piratas e corsários.
De barco se pode dar a volta ao redor da ilha, visitar o aquário formado entre as ilhotas de Rose Cay e Haynes Cay - e nadar com os peixes - e chegar até Johnny Cay, uma reserva protegida, coberta de palmeiras, a 10 minutos do centro de San Andres. Ninguém vive em Johnny Cay, mas aos turistas que passam o dia na ilha é oferecida uma estrutura mínima com cadeiras de praia, bares e restaurantes que preparam pratos sob encomenda e oferecem cerveja gelada e drinques típicos, como piña colada, coco loco e marguerita.
Zona livre de impostos, San Andres é atrativo para quem gosta de comprar perfumes e produtos eletrônicos, mas é o mar de água morna da manhã à noite, o sol e as palmeiras que levam milhares de turistas à ilha nos 12 meses do ano. Convém não entrar em pânico ao conferir a previsão do tempo no celular: é raríssimo o dia em que não aparece a nuvenzinha de chuvas esparsas. Em julho, chove todos os dias, mas são pancadas rápidas, que não atrapalham os passeios e ajudam a amenizar o calor típico do Caribe.
Embora seja território colombiano, San Andres fica mais próxima da costa da Nicarágua. Nos mapas, é um pontinho perdido no meio do mar. Na prática, uma ilha habitada por pessoas simples, que vivem do turismo e da pequena agricultura. Do material de construção aos alimentos, tudo o que é industrializado vem do continente.
Cayo Bolívar é para os fortes
O melhor banho de mar não está na região central nem em San Luís: quem conhece Cayo Bolívar não hesita em indicar essa ilha deserta (e minúscula) como a praia perfeita. Mas há um problema: Cayo Bolívar é para os fortes, que não têm medo de fazer rali sobre as ondas do mar aberto em uma lancha rápida com capacidade para 30 passageiros. Para os destemidos, uma hora de aventura e adrenalina.
Para os que têm medo do mar revolto, uma jornada de pavor, com a sensação de que o barco vai virar a qualquer momento. Antes do embarque, o marinheiro pergunta se entre os passageiros há mulheres "embarazadas" ou pessoas com problema de coluna. A esses são reservados os assentos na parte de trás - e quem senta nos primeiros bancos não tarda a perceber por que as grávidas e os que sofrem da coluna não estão na frente: os solavancos parecem destroçar as vértebras. Sacos de plástico são distribuídos entre os passageiros para que acomodem seus pertences. Nos primeiros 10 minutos, todos já estão encharcados.
Ao chegar à ilha, duas sensações se misturam: o deslumbramento com a paisagem e a agonia de pensar que depois do almoço será preciso refazer o caminho de volta. Em poucos minutos, a beleza do lugar faz esquecer as dificuldades da travessia. Pode-se atravessar caminhando até outra ilha menor ainda, praticar snorkeling num aquário natural repleto de peixes coloridos ou simplesmente tomar banho de mar e de sol.
O almoço, incluído no preço do passeio (mínimo de US$ 50), é preparado pelos próprios marinheiros: peixe ou frango assado, arroz de coco, salada e banana frita, com água, cerveja ou refrigerante.
San Andres em sete dicas
1. Você pode dar a volta à ilha em uma van de turismo, com guia local, mas o melhor é se informar antes sobre as atrações e alugar um carrinho de golfe para não ficar refém dos horários do grupo e estender a permanência nos pontos mais interessantes, como nadar com os peixes em La Piscinita ou contemplar o Ojo Soplador, uma fenda nas pedras e corais que provoca um sopro de ar com água do mar conforme a altura da maré.
2. Não caia na tentação de comprar um pacote "all inclusive". Se fizer isso, vai perder uma das principais atrações de San Andres, a gastronomia. Além disso, nos passeios às ilhas o almoço é por lá mesmo.
3. Para ir à ilha de Providência, pode-se optar pela viagem de catamarã, mas, pela distância, o meio de transporte mais recomendado é o avião. São 30 minutos de voo.
4. O mar é azul, a água é limpa, mas a areia tem pedregulhos que podem machucar os pés. Para entrar no mar é aconselhável comprar sapatilhas de praia, vendidas lá mesmo a preços por cerca de US$ 5.
5. Para ver os peixes e corais, providencie seu próprio equipamento de snorkel (caretas em espanhol), vendido nas lojinhas de beira de praia. É possível alugar "caretas", mas o aspecto é desanimador.
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6. Entre os passeios mais agradáveis está ir de uma ilhota para outra caminhando pelo mar, com água na altura do peito. Para proteger máquina fotográfica e celular, compre uma sacolinha plástica com vedação adequada.
7. Se você odeia coentro, pergunte ao garçom se o prato leva "cilantro", para não descobrir tarde demais.