Bologna é a capital de Emilia Romagna (em português, Emília-Romanha), localizada a apenas 80 quilômetros de Florença. Sua posição é estratégica no mapa - afinal, está próxima de trem de Milão, Roma, Veneza e, principalmente, de cidades imperdíveis da própria região de Emilia Romagna, como Parma e Modena.
Tem muito turista brasileiro que passa reto por Bologna. Outros dedicam algumas horinhas. Se eu fosse você, passava no mínimo dois dias. Explico: Bologna é uma cidade fácil de se achar, de se encantar. Fácil de percorrer a pé suas principais atrações e, o melhor, de comer bem sem cair em armadilhas turísticas - basta entrar em qualquer osteria próxima do quarteirão histórico ou universitário. Aliás, é bem nessa área central, na Piazza Maggiore,
que você deve iniciar o seu roteiro procurando o completíssimo centro de informações turísticas, o Bologna Welcome (Piazza Maggiore, 1/e, www.bolognawelcome.com ). Após se abastecer de mapas e folhetos, estude o seu itinerário curtindo la dolce vita.
Um dos aspectos que mais me sur-preendeu em Bologna foi a harmonia entre o antigo e o novo, o jovem e o velho. A cidade tem história, arte, música, arquitetura, culinária e cultura. Mas também tem vida noturna, bares lotados no happy hour e muita vibração contagiante pelas ruas. Grande parte dessa energia se deve ao fato de ser uma cidade universitária. Abre parênteses: Bologna é o lar da mais antiga universidade ocidental ainda em funcionamento.
De paisagens alaranjadas, ruas estreitas, monumentos e torres, a cidade se revela cosmopolita e alegre. Nada mais gostoso do que passar horas caminhando sem destino por seus quase 40 quilômetros de pórticos extensos e elegantes. Dizem que, em dia de chuva, é possível caminhar pela cidade sem se molhar. Bravo!
Outro ponto apaixonante de Bologna é a sua fartura gastronômica. Conhecida como a terra do ragù alla bolognese, é fácil encontrar um restaurante autêntico e uma loja de especialidades culinárias em cada esquina. Nada como percorrer o roteiro de osterias típicas ou dar um pulinho nos estabelecimentos comerciais do quadrilátero histórico, onde estão situadas as antigas casas de massas, cafés, salumerias, enotecas, queijarias, entre outras tantas iguarias locais que nos deixam com água na boca.
Atrás da famosa Piazza Maggiore, esconde-se um mercado antigo e pulsante. Trata-se da Via Pescherie Vecchie - anote esse ponto turístico e percorra seus arredores. O novo e o velho também estão presentes por lá. Próximo à clássica salumeria e wine bar Tamburini (Via Caprarie, 1), está localizada a famosa e atual megaloja gourmet Eataly (Via Degli Orefici, 19), que tem o seu endereço nessa região desde 2008 (antes mesmo de abrir um Eataly em Nova York em 2010).
Confira imagens da cidade:
Escolha sua porta: é por uma delas que os moradores de Bologna se localizam na cidade
Poucos visitantes sabem, mas Bolonha tem o seu lado Veneza. Uma janelinha mágica e secreta sobre o pórtico na Via Piella 18 revela uma paisagem do passado quando ainda existia uma rede de canais que fornecia energia. A dica, depois de curtir o belo cenário, é fazer uma refeição na Trattoria Serghei (Via Piella, 12) ou uma degustação especial de vinhos da região na Enoteca Italiana (Via Marsala, 2/B) - dois endereços especiais pelos arredores da mini Veneza de Bologna. Outra relíquia do passado está no subterrâneo da Salaborsa (entrada pela Piazza Nettuno), com escavações e vestígios de civilizações antigas. Vale a pena conferir.
Por fim, uma curiosidade peculiar: os moradores não se localizam em Bologna pelo bairro e, sim, pelas "Portas". Elas são o que restaram das antigas muralhas entre os séculos 12 e 13. Cada uma tem o seu nome. As mais centrais e populares são a Castiglione e a Galliera.
Meu marido e eu chegamos a Bologna de carro e, após deixá-lo na locadora, fomos caminhando até a nossa "portinha particular" que não faz parte de nenhuma das portas das muralhas antigas. Foi a porta de entrada do apartamento do projeto Blog Ville - um programa da entidade de turismo de Emilia Romagna que hospeda blogueiros de viagem na região por uma semana. Nossa "casinha" ficava na Via Capo di Lucca, 1/B - qualquer hotel por essas bandas é uma ótima localização. Enfim, foram dias especiais que nos fizeram repetir e repetir a mesma frase em italiano: Mi piace Bologna!
Rapidinhas sobre a cidade
> Em 510 a.C. era uma cidade etrusca
> O símbolo da cidade são suas duas torres: a Torre Asinelli (construída entre 1109 e 1119) e a Torre Garisenda (do século 12)
> Foi nomeada pela Unesco como Cidade da Música (Bologna respira música!)
> Já sofreu com bombardeios II Guerra Mundial e com os efeitos de terremotos
> Aos sábados, a principal avenida, a Via Indipendenza, só abre para trânsito de pedestres. É comum ver muita gente caminhando, comprando e se exercitando por lá
> Não confundir Bologna com espaguete à bolonhesa. Não cometa esse erro. É a terra do tagliatelle à bolonhesa - massa mais grossa e larga do que o espaguete
Organize-se
Centro de informações turísticas
Bologna Welcome na Piazza Maggiore. Das 9h às 19h. Mapas, informações turísticas, walk tours e ingressos para o tour de ônibus (13 euros por pessoa e de graça para crianças até 12 anos).
> Estação de Trem - Bologna Centrale - Piazza Medaglia d´Oro
> Partindo de Milão - Milano Centrale (210 km)
> Partindo de Roma - Roma Termini (380 km)
P.S.: a gente chegou de carro, vindo de Cinque Terre, na Liguria
Principais pontos turísticos
Piazza Maggiore, Palazzo Comunale, Torre Asinelli e Garisenda, Piazza del Nettuno e Fontana di Nettuno, Basílica de São Petrônio, Catedral de San Pietro, Canale delle Moline, Palazzo dell'Archiginnasio, Via Pescherie, Biblioteca Salaborsa, Museu Cívico Arqueológico, MAMbo, Piazza Verdi (praça dos estudantes), Teatro Comunale.
Quando é melhor ir
Comenta-se que o único período que não se deve visitar Bologna é no verão, quando o calor é excessivo, e algumas lojas e restaurantes fecham. Estivemos no início de maio, e o tempo estava perfeito: nem muito quente, nem muito frio - ideal para caminhadas pelas ruas, bike nos parques e muito sorvete italiano!
Ruas de compras
Via Pescherie (compras gourmets), Via Farini (da luxuosa Galeria Cavour), Via Ugo Bassi, Via Indipendenza (várias marcas internacionais) e Via San Felice.
Dica de guia local
Se precisar de um guia profissional que fala um pouco de português (italiano que morou um tempo no Brasil), mas entende tudo da história da região e ainda é guia com foco em turismo ambiental, acompanhando turistas em trajetos de bike pelos montes apeninos e na Toscana, entre em contato com Marcello Amadori (marcelloamadori@tiscali.it ) - é o cara!
>> Confira também dicas de onde comer na cidade e quais são os preços
*Publicitária, colunista do caderno Vida e autora dos blogs Café Viagem e Destemperadinhos