Em qualquer lista das 10 cidades mais alguma coisa do mundo, lá está Barcelona. É uma das mais bonitas, uma das mais amigáveis para o turista, obrigatória para artistas, arquitetos e estudantes de arquitetura, um dos destinos para quem curte gastronomia, uma das cidades que é preciso conhecer antes de morrer. Recentemente, o site Hotwire colocou a capital da Cataluña na seleta lista dos cinco melhores destinos para curtir no Hemisfério Norte.
Barcelona é tudo isso e um tanto mais. Uma cidade colorida, vibrante, para ser visitada em qualquer estação - e fotografada, curtida e compartilhada, como manda o turismo dos tempos modernos, em que os amigos viajam juntos, pelas redes sociais. Com uma vantagem: com a crise na Europa, os preços dos hotéis e dos aluguéis estão mais baixos do que nunca nos últimos 20 anos.
No verão, a temperatura em torno de 30ºC é suavizada pela brisa do Mediterrâneo. Hordas de turistas de todos os cantos do mundo transformam as Ramblas numa Babel e tomam conta dos bares e restaurantes ao ar livre, das ruelas do bairro Gótico, dos pontos turísticos e do porto renovado pelo mesmo grupo que venceu a licitação para revitalizar o Cais Mauá, em Porto Alegre.
Barcelona se transformou num dos principais destinos turísticos da Europa a partir de 1992, com a Olimpíada que transformou áreas degradadas em bairros residenciais e comerciais e resgatou a autoestima da cidade mundialmente famosa pelas obras de Antonio Gaudí (1852-1926). Projetos do arquiteto que desenhou e dedicou seus últimos anos à Sagrada Família, até hoje inconclusa, esparramam-se pela cidade como prova de sua incrível capacidade de criar, inspirado na natureza. Conchas do mar, lagartos, dragões, tartarugas, espigas de milho, pinhões, tudo era motivo para o catalão transformar um simples edifício residencial numa obra de arte.
Para quem vai pela primeira vez, é preciso cumprir um roteiro quase obrigatório para poder dizer que conhece a Barcelona básica. O jeito mais prático é comprar um passe de um ou dois dias em ônibus de turismo (34 euros o bilhete para dois dias), descer nos pontos escolhidos e desfrutar. E caminhar, caminhar, caminhar. A seguir, 15 pontos que o marinheiro de primeira viagem precisa visitar e que quem volta desejará rever.
1. La Pedrera (Casa Milá) e Casa Batlló - Passeig de Grácia
Edifício de sete andares construído entre 1906 e 1910, a Casa Milá é hoje um museu com a síntese das obras de Gaudí. A fachada lembra o balanço das ondas do mar, e a visita começa pelo terraço, repleto de esculturas com o estilo inconfundível de Gaudí. Descendo as escadas, está o museu com maquetes, objetos e fontes de inspiração do mestre. Em um dos andares foi recriado um apartamento com todos os objetos do início do século 20. Na mesma rua, a elegante Passeig de Grácia, está a Casa Batlló, um edifício reformado por Gaudí e hoje declarado Patrimônio Cultural da Humanidade.
2. Sagrada Família
Uma das maiores, mas bonitas e mais conhecidas igrejas da Europa, a basílica começou a ser construída em 1883 e, um ano depois, foi entregue a Gaudí, que mudou o projeto e a transformou na obra de sua vida. Reza a lenda que perguntaram ao artista se ele não se preocupava com o fato de não viver o suficiente para contemplar a obra pronta, a que o arquiteto teria respondido:
- Deus tem todo o tempo do mundo.
Quando Gaudí morreu, em 1926, só uma das torres estava concluída.
Se você quiser conhecer o interior da Igreja na alta temporada de turismo, prepare-se para uma longa espera. Em julho, no alto verão, a fila em uma manhã de domingo pode ser de uma quadra inteira, o que significa mais de duas horas ao relento, com a temperatura beirando os 35ºC.
3. Parque Guell
Mecenas de Gaudí, o conde Eusebi Guell encomendou ao arquiteto uma série de trabalhos com a orientação de que não poupasse dinheiro. Marceneiros e pedreiros recrutados para executar os projetos do arquiteto transformaram a paisagem de diferentes pontos de Barcelona. O Parque Guell deveria ser uma cidade-jardim residencial, no alto de uma colina de onde se tem uma visão privilegiada de Barcelona. Apenas duas das casas projetadas saíram do papel. Uma delas, na qual morou Gaudí, hoje abriga um museu. O jardim suspenso, com bancos de mosaicos coloridos, é sustentado por 86 colunas em estilo clássico.
Parque Güell. Crédito: Rosane de Oliveira
Doado à municipalidade, o Guell é um parque público. Visitá-lo exige fôlego e calçados confortáveis para percorrer as trilhas em aclive, com vários pontos apropriados para um piquenique.
4. Poble Espanyol
É uma exposição de arquitetura em tamanho real. Herança da Exposição Mundial de 1929, reproduz em escala natural amostras da arquitetura das diferentes regiões da Espanha. É possível ir da Galícia à Cataluña com uma centena de passos, passando pela Andaluzia e identificando o estilo de cada região. Mas não é só a arquitetura: Poble Espanyol também oferece amostras da gastronomia de cada região da Espanha, oficinas de artesanato, exposições de arte contemporânea (com obras de Picasso, Miró, Tapies e Barceló) e até uma fábrica de vidro, onde são moldados objetos que estarão à venda na lojinha da entrada.
5. Museu Nacional de Arte da Catalunya
Fica no Palácio Nacional, um imponente prédio construído no Montjuic, em frente à Praça de Espanha, para a exposição internacional de 1929. Para visitá-lo é preciso tempo. São mais de mil anos de arte, com exemplares de todos os movimentos, além de coleção de fotografias e uma exposição sobre a história da moeda.
6. Fundação Joan Miró
Próximo ao Museu de Arte, no Parc Montjuic, abriga o acervo doado por um do mais importantes artistas catalães, mundialmente conhecido pelas obras coloridas e de formas inspiradas no surrealismo. São desenhos, pinturas, esculturas e tapeçarias reunidas em um edifício iluminado por luz natural, que também abriga exposições de outros artistas.
7. Tramvia Blau-Tibidabo
A montanha mais alta da serra da Collserolla é acessível pelo Tramvia Blau, um bonde centenário que leva até o primeiro estágio. Para chegar ao topo, toma-se o funicular. Do alto, tem-se uma vista espetacular da cidade, um parque de diversões, o planetário e o museu de ciências.
8. Camp Nou
Até para quem não é lá muito fã de futebol, visitar o estádio do Barcelona é uma experiência inesquecível. A visita começa pela sala de troféus e termina no campo (para a maioria na lojinha, a Botiga), com passagens pelas cabines de imprensa e pelo vestiário. Por 14 euros, é possível tirar uma foto na mesa do presidente do clube e sair com a lembrança em baixo do braço. A máquina de fazer dinheiro do Barcelona não permite que o interessado tire a foto na mesa do presidente com sua própria máquina ou com celular. Pelos mesmos 14 euros, pode-se tirar uma daquelas fotos fakes em que o turista aparecerá entre craques como Messi, Xavi e Iniesta.
Porto de Barcelona. Crédito: Rosane de Oliveira
9. Porto de Barcelona
Remodelado no início dos anos 90, a área turística do porto fica próxima ao início das Ramblas. Tem restaurantes, bares, shopping center no complexo Maremagnum e um amplo espaço para quem só quer caminhar ou sentar e não fazer nada. Na área do porto está, também, o Aquário de Barcelona, com peixes de todos os continentes. O visitante passa por um túnel de vidro e pode ver os tubarões brancos a poucos centímetros de sua cabeça.
10. Parque da Ciudadela
Uma das maiores áreas verdes de Barcelona, o Parque foi construído em uma antiga área militar para a exposição mundial de 1888. Abriga o Jardim Zoológico, com 7 mil animais de 400 espécies diferentes. O parque tem cascata e um lago navegável que atrai milhares de pessoas no verão.
11. Bairro Gótico
Dominado por ruelas em que só é possível andar a pé, o bairro Gótico é o mais antigo de Barcelona. Construído sobre a antiga colônia romana, fica próximo à Rambla e ao porto. A melhor forma de conhecê-lo é andar sem destino, descobrindo a graça de cada rua, com cafés, restaurantes, igrejas e lojas. É nesse bairro que estão a magnífica Catedral de Barcelona, o Museu de História de Barcelona e o Mercado de Santa Catarina.
Bairro Gótico. Crédito: Rosane de Oliveira
12. Plaça Reial
As palmeiras reais garantem a beleza dessa praça, um quadrilátero de restaurantes e bares, semelhante à Plaza Maior, em Madrid, onde se apresentam artistas de ruas, cantores e grupos musicais.
13. Teleférico de Monjuic
Do bondinho que leva ao castelo de Montjuic é possível ter uma vista panorâmica de Barcelona. Uma parada intermediária permite ver o Mirante Del Alcalde, um terraço ajardinado com vista para o porto.
Teleférico de Montjuic. Crédito: Priscila De Martini
14. Rambla
A rua mais conhecida de Barcelona vai da Praça da Cataluña até o porto e é um calçadão central com uma via de cada lado para carros. Quiosques de jornais e revistas, de flores e e de suvenires se espalham pela Rambla, junto com restaurantes e bares. Nela está o Mercado Sant Joseph, também conhecido como Boquería. O colorido das frutas e verduras se mistura a peixes e produtos de diferentes partes do mundo .
15. Palau de La Música Catalana
Só a parte externa do prédio já valeria a visita, mas o interior é simplesmente indescritível, pelos vitrais e pelas esculturas. Obra do arquiteto Lluís Domènech i Montaner, foi concluído em 1908. Originalmente abrigava um coro. Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade, hoje recebe shows de música clássica e popular e espetáculos de flamenco.
Dicas para aproveitar a cidade sem se estressar
- Todo mundo fala espanhol em Barcelona, mas a língua da cidade é o catalão. Por isso, não estranhe ao encontrar palavras como "ciutat", "plaça", "mercat" e "bitllets".
- Se você pretende entrar em igrejas, evite short e blusas muito decotadas. Na Catedral Gótica, por exemplo, não é permitida a entrada de mulheres com roupas muito ousadas.
- As liquidações na Espanha, chamadas de "rebajas", são realmente tentadoras, com descontos de até 70%.
- No verão, use roupas leves, mas carregue um agasalho para se proteger nos locais que têm ar condicionado.
- Uma boa opção de hospedagem em Barcelona são os aluguéis de temporada. Dois sites testados e aprovados: www.aluguetemporada.com e www.airbnb.com
- Para ir de Barcelona a Madri, uma boa opção é o trem de alta velocidade, que vai da Estação de Sants, em Barcelona, até a Puerta de Atocha, em Madrid, em duas horas e 45 minutos. São trens mais confortáveis do que aviões, com excelente serviço de bordo. Quanto antes comprar o bilhete, mais barata sairá a viagem.
- Ao pedir um chope (caña) ou uma sangria típica da Espanha, certifique-se do tamanho do copo para não correr o risco de receber um copo que na verdade é uma jarra.
- Não deixe de experimentar um dos clássicos espanhóis: o pão com alho e tomate. O tomate maduro e suculento vale por um banquete.
- Mesmo que esteja de dieta, não deixe de experimentar a tradicional "crema catalana". É o mesmo doce que na França se conhece por creme brullé, mas o creme com açúcar queimado por cima tem origem na Cataluña.