O Projeto Balneabilidade é o responsável por monitorar 90 pontos em 43 municípios do Rio Grande do Sul. Uma vez por semana, um relatório é emitido a partir da análise da coleta da água dos locais, que indica se o trecho é próprio ou impróprio para banho. Esse levantamento é feito todos os anos no verão desde 1979.
O trabalho é feito pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que, com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), monitora 31 pontos nas praias do Litoral Norte, distribuídos em 10 municípios.
Além da Fepam, a Corsan também faz parte do projeto: é responsável pela coleta das amostras de 51 pontos em balneários interiores e praias do Litoral Médio (entorno da Lagoa dos Patos) e Litoral Sul, distribuídos em 32 municípios. Já o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) faz o monitoramento em oito pontos nas águas da Praia do Laranjal e no Balneário dos Prazeres. No verão 2022/2023, são 15 semanas de levantamentos, até 24 de fevereiro.
Como são escolhidos os pontos
Segundo Cátia Luisa Gayer Vaghetti, coordenadora do projeto, a escolha dos pontos analisados segue critérios como o número de pessoas que frequentam os locais. Ela relata que a seleção mudou desde o início da atividade, em 1979, conforme a demanda de municípios que solicitam o serviço de coleta e análise. A escolha respeita, também, a capacidade do órgão estadual de atuar nas novas frentes.
Durante a semana, profissionais da Fepam, Corsan e Sanep coletam amostra da água de cada um dos 90 pontos, que é colocada em um recipiente individual. Depois, o material é levado para um laboratório de análises, em locais definidos pelos responsáveis pelo levantamento. No caso da Fepam, a amostra é analisada em Porto Alegre em até 24 horas após a coleta. Depois, o conteúdo é analisado nos laboratórios e os resultados são informados no sistema informatizado do projeto.
Como posso saber se um lugar é próprio ou impróprio para banho
São emitidos relatórios semanais, às sextas-feiras, durante o verão. As divulgações ocorrem pelas mídias digitais da Fepam, pelo site e por um aplicativo para telefones celulares do Sistema de Balneabilidade chamado "BALN".
São verificadas a presença de Escherichia coli e de cianobactérias no material coletado.
A Escherichia coli é uma bactéria encontrada no intestino humano e em animais de sangue quente, sem que sejam percebidos sintomas. A presença de grande quantidade na água é um indicador de contaminação por fezes. Isso permite a existência de um tipo patogênico capaz de causar problemas intestinais, como diarreia, dor abdominal e enjoos.
As cianobactérias, ou cianofíceas (algas azuis), são organismos produtores de toxinas (hepatotoxinas, neurotoxinas e dermatotoxinas), que podem levar a intoxicações agudas ou crônicas.
Quais os perigos de tomar banho em pontos impróprios
Cátia Luisa Gayer Vaghetti diz que frequentar pontos inadequados pode trazer prejuízo à saúde, com o contato com a água contaminada. Por isso, o indicado é investigar se o local pretendido para lazer está apto para banho.
— A pessoa pode ter muitas doenças, desde as mais comuns, como gastroenterite, febre e diarreia, até tifo e cólera. É um fator de saúde pública da população. As pessoas merecem tomar banho em uma água limpa — diz Cátia.
O que é recomendado
O primeiro ponto destacado pela coordenadora do Projeto Balneabilidade é estar atento às análises feitas nos locais de banho do Estado. O relatório com a situação dos pontos por ser acompanhado aqui.
— As pessoas têm de escolher bem os locais, para aproveitar o verão com saúde, não em qualquer lugar. Se a água não estiver boa, não entra. O importante é se informar antes para proteger a saúde — diz Cátia.
Segundo ela, é preciso evitar tomar banho em períodos chuvosos e nas primeiras 24 horas após chuvas intensas. Isso porque, nesses momentos, a tendência é que esgotos e resíduos sejam direcionados aos cursos d’água, o que pode contaminar rios e oceanos.
É indicado evitar períodos de cheia do rio, quando o leito está fora do curso normal e em canais pluviais, saídas de “sangradouros”, córregos ou rios que afluem às praias, que também podem ser contaminados por esgotos domésticos.
Também não é aconselhado frequentar locais com concentração de algas, que podem ter toxinas prejudiciais à saúde humana.