Local mais indicado para a atividade de pesca, a Barra de Tramandaí, no Litoral Norte, ganhou neste ano uma guarita com dois guarda-vidas para reforçar a prevenção de afogamentos de banhistas na área onde o mar encontra o canal de acesso ao Rio Tramandaí. Uma das áreas mais perigosas de todo o litoral gaúcho, o trecho não contava com o equipamento completo.
Até 2019, os guarda-vidas costumavam ficar em cadeiras, no meio da areia no posto 139. A alteração no visual da praia veio depois de uma doação do empresário Itamar José de Oliveira, dono da empresa Itagiel Ltda., que trabalha com casas pré-fabricadas.
Segundo o comandante do Pelotão de Guarda-Vidas de Tramandaí, Adriano Silva, o local entre a nova guarita e a posicionada do outro lado, em Imbé, é um dos mais perigosos, por chegar a oito metros de profundidade na parte mais funda do canal que separa os dois municípios. O trecho não é recomendado nem para o mais experiente nadador. Até por isso, existe uma bandeira preta afixada alertando o perigo. Mesmo com todos os alertas, ainda há quem tente atravessar caminhando o trecho.
— A maré de vazante que vai do rio para o mar pode ficar entre três e seis metros por segundo de velocidade. Um bom nadador nada até dois metros por segundo. Uma pessoa pega por esta correnteza no meio do rio demoraria até 50 segundos para chegar na zona de rebentação, onde o rio se encontra com o mar, um ponto muito difícil de salvamento. Por isso, a importância de ficarmos ali apitando e prevenindo — justifica Silva.

Apesar de a área ser de risco, a família Schutz, de Novo Hamburgo, opta em todos os verões pela região, por ser mais tranquila, mas garante respeitar o mar.
— Sabemos da bandeira preta e não entramos na água além do calcanhar. Respeitamos muito o aviso. Ficamos bem próximos da guarita já, por prevenção — garante a comerciária Raquel Schutz, que veraneia sempre em Tramandaí na companhia do marido, Gilberto Schutz, 53 anos, e da filha, Sofia, nove anos.
Em sua primeira temporada como guarda-vidas civil, Davi da Rosa Duarte, 18 anos, se sentiu honrado em estar na nova guarita 139. Morador da Barra na infância e no início da adolescência, ele acredita que o posto tem ajudado a prevenir ainda mais a entrada de pessoas no canal e no trecho de rebentação.
— Desde criança, ouvia a família dizendo que este é um dos pontos mais perigosos de todo o nosso litoral. Estarmos aqui ajuda ainda mais no alerta aos banhistas — conta Duarte, que decidiu pela função temporária para homenagear o pai, que foi guarda-vidas por 20 anos.
Segundo dados da Operação Verão, do início da ação do Verão 2020 até o dia 6 de fevereiro, foram realizados 354 salvamentos nas áreas protegidas pelos guarda-vidas em todo o Estado. Destes resgates, 274 ocorreram no Litoral Norte — o que, em comparação com o mesmo período do ano passado, representa uma queda de 20% na área. Nenhum dos salvamentos ocorreu na Barra de Tramandaí.
Saiba mais:
- No Litoral Norte, são 212 postos do Farol da Solidão, em Mostardas, até Torres.
- Neste ano, três postos de salvamento foram ativados – em Arroio do Sal, Capão da Canoa e Xangri-Lá.
- O Litoral Sul tem 30 postos.
- Em águas abrigadas – rios e lagos - são 35 guaritas.
- Nesta temporada, a Operação Verão conta com 1.053 guarda-vidas empregados, entre policiais militares, bombeiros e civis temporários.
Fonte: dados da Operação Verão - Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS).