Praia sempre foi sinônimo de tranquilidade, família reunida, noites de pescaria e peixe frito no almoço dos Marson. Não à toa que a casa de veraneio em Cidreira foi o cenário escolhido para comemorar o 70° aniversário de casamento dos criadores de toda trupe: seu Evilásio Marson, 95 anos, e Doralice Borek Marson, 91. Caminhando apressado com a ajuda de um andador até a churrasqueira, na parte dos fundos da casa, seu Evilásio é só sorrisos:
– Quer uma carona? – oferece rindo à reportagem.
É por lá que uma mesa decorada com garrafinhas de flores e mais arranjos suspensos em uma árvore aguardavam o casal para uma sessão de fotos com a família. Assim como neste sábado, o ritual das fotos em família se repete desde 1979 – ano em que a casa foi construída – nas mais diversas datas: de aniversários a simples encontros entre as crianças da casa e da vizinhança.
Em uma cartolina montada pela neta Carla Marson especialmente para as Bodas de Vinho, registros fotográficos relembram a época em que as dunas da praia alcançavam a casa.
– Ficávamos com os vôs de dezembro a março. A praia sempre foi paz, liberdade, não tinha muro, não tinha cerca – relembra Carla.
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Entre os três filhos – Cláudio, Claudete e Flávio – e cinco netos – Fábio, Vitor, Carla, Elisa e Felipe –, as lembranças da casa de veraneio sempre estão relacionadas às noites de pescaria do vô quando toda a família era recrutada para auxiliar a carregar baldes enquanto seu Evilásio jogava as tarrafas ao mar à luz da lua cheia.
– Não podia falar e nem entrar na água para não espantar os peixes –diverte-se Claudete.
Enquanto a família pescava, Doralice cuidava da casa. Na volta da pescaria, Evilásio ainda se encarregava de limpar os peixes que eram fritos para o almoço. Nem mesmo no inverno o hábito era interrompido. De acordo com a nora do casal Rosemarie Marson, o patriarca comprou roupa e botas de borracha para poder manter a pescaria nos dias frios.
Emoção marcou o encontro
Moradores à época do bairro São João, na Zona Norte de Porto Alegre, seu Evilásio corria de bicicleta atrás do bonde em que Doralice estava. Tantas investidas resultaram em namoro, que virou casamento no ano em que ela completaria 22 anos. A festa foi em Taquari, cidade natal da noiva.
– Tudo muito simples – recorda. De lá, viajaram de barco até Porto Alegre, onde moraram e fixaram a pequena fábrica de cuias e bombas artesanais da família, sempre revezando entre períodos na Capital e veraneios na casa de Cidreira. Com a família reunida para celebrar os 70 anos do bem-sucedido casamento, Claudete se emocionou ao falar dos pais:
– Eu fico admirada. Agradeço a Deus por ter eles vivos.
Passado tanto tempo, Doralice não titubeia ao responder o segredo para o relacionamento duradouro:
– Paciência!