Apesar de as autoridades preverem que a balneabilidade em Santa Catarina iria melhorar depois do movimento de fim de 2015 e início de 2016, os relatórios da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) apresentam números contrários a essa expectativa. No terceiro levantamento do ano, 76 pontos foram considerados impróprios para banho no Litoral de Santa Catarina.
No segundo estudo, feito há uma semana, eram 74. Já no primeiro do ano, divulgado em 8 de janeiro, foram 71. Em Canasvieiras, que no primeiro relatório de 2016 tinha todos os pontos impróprios, dois deles continuam sem condições para banho, assim como no levantamento de 15 de janeiro. Em Porto Belo, onde uma mancha foi encontrada no mar durante o começo da semana, quatro pontos estão impróprios e dois próprios.
Média histórica
De acordo com Marlon Daniel da Silva, responsável técnico pelas análises de balneabilidade da Fatma, historicamente o percentual de pontos impróprios para banho no litoral catarinense varia entre 25% e 35%. Com 76 pontos impróprios para banho dos 211 analisados, essa taxa alcançou os 36%, pouco acima do considerado normal. Na Capital, o percentual é o mesmo com 27 pontos impróprios e 48 próprios.
– Não foi um aumento gritante. Não foge muito daquilo que a gente sempre teve – diz Silva.
Segundo o técnico da Fatma , a tendência natural será ocorrer um aumento do número de pontos próprios para banho até o carnaval, mas não há como garantir isso, já que a expectativa também era esse desde o Réveillon e acabou ocorrendo o contrário.
– O normal seria ter ocorrido uma queda. O que pode explicar isso (o aumento dos locais impróprios) é que a água contaminada continua chegando nas praias – diz, lembrando também que houve um crescimento significativo no número de turistas no litoral catarinense nesta temporada
Para Silva, a solução para o problema da falta de balneabilidade em alguns pontos passa por uma melhora geral no sistema de saneamento básico, com fiscalização tanto dos sistemas individuais (fossas) quanto dos coletivos (ligações para estações de tratamento) evitando que a água que teve algum tipo de contato com as fezes chegue aos balneários.
A opinião é compartilhada pela pela professora de oceanografia Katia Naomi Kuroshima, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Segundo ela, a elevação no número de pontos impróprios não é alarmante, pois fica dentro da margem da média histórica. O problema é justamente se acostumar com esse número de praias sem condições de balneabilidade.
– A gente passa a achar isso normal, mas não é. O ideal seria que o número fosse zero ou que se criasse uma meta para diminuição ano a ano das praias contaminadas – diz a acadêmica.
Poluição aumenta na temporada
A Fatma admite o crescimento no número de locais impróprios para banho coincide justamente com a temporada de verão. Segundo Marlon Silva, o aumento começa a partir de novembro com níveis mais altos até o mês de março, quando praticamento se estabiliza.