Ter servido na Corveta Imperial Marinheiro significa muito: significa ter feito parte de algo muito maior do que nossos pequenos orgulhos pessoais, significa deixar de lado qualquer pretensão em escrever páginas em nossos diários e se dedicar totalmente, com toda uma tripulação, em escrever a história de um barco de alma guerreira, que nasceu para fazer de sua história uma valorosa demonstração de valentia, determinação e vontade de fazer bem feito.
Embarcação que atuou em missões de patrulha, resgate e salvamento agora vira um "museu flutuante" em Rio Grande
Todos que nesta Corveta serviram se habituaram a ouvir, quase como a um mantra, que não escolhemos a Imperial dos Mares (forma que intimamente a chamamos), mas, sim, que ela nos escolheu. Nos escolheu porque teríamos a sensibilidade em perceber quão grandiosa é a sua alma; porque saberíamos nos espelhar no exemplo de todos os marinheiros que por aqui passaram e com isso fazer o melhor possível para manter seus conveses e equipamentos operando com eficiência até o último dia de operação do Navio, mesmo com a experiência de 60 anos de bons serviços prestados a nossa Marinha; porque seríamos criativos para improvisar na solução de problemas, nos momentos em que não existiam sobressalentes no mercado para reparar equipamentos que resistiram bravamente a tantos anos de operação; porque somos homens do mar, porque nos rendemos a sua grandeza e agradecemos todos os ensinamentos que obtivemos enquanto nela servimos.
Marcelo Rech: um justo descanso
Lembrar de como era a vida a bordo é muito prazeroso, um sistema que funcionava como uma máquina de engrenagens perfeitamente ajustadas: a Divisão de Intendência, sempre atenta aos mínimos detalhes para melhorar o conforto da tropa, preocupada em elaborar cardápios adequados aos trabalhos que seriam realizados naquele dia, sensíveis em atender aos marinheiros e cabos com a mesma eficiência que atendiam aos oficiais na Praça DArmas; a Divisão de Convés, incansável em manter o bom aspecto marinheiro do navio, em manter o armamento fixo operando sem restrições, em manter os conveses bem tratados e bem pintados, principalmente utilizando uma impecável percepção para decidir em não tratar áreas que, em virtude do tempo de uso, não poderiam receber o tratamento tradicional, essas áreas eram apenas escovadas e cuidadosamente recuperadas com a habilidade de quem cria uma obra de arte; a Divisão de Máquinas, efetuando manutenções e conduzindo com maestria todos os equipamentos de bordo, imunes ao cansaço e inconformados com qualquer tipo de avaria, somente tinham seu tempo de descanso após o serviço estar concluído, trazendo para todos a bordo a certeza que chegaríamos até o destino final; os Oficiais e o Imediato, conduzindo de forma serena e profissional todas as tarefas realizadas a bordo, proporcionando ao Comandante a assessoria e tranquilidade necessárias para que as decisões fossem tomadas de maneira correta.
Com toda essa trajetória de sucesso, ficamos felizes em ver nosso barco poder descansar de sua vida operativa com tão honrosa missão, integrar o Complexo Náutico Cultural da Cidade de Rio Grande. Esperamos que todos que a visitem sintam no íntimo de suas almas a grandeza do Navio que estão visitando, que a alma deste navio tão guerreiro influencie os jovens visitantes a desejarem compor as tripulações de nossos navios.
Também espero que a felicidade e o orgulho que sentimos em ter passado por esses conveses possam ser imaginados por aqueles que leiam estes poucos parágrafos, pois posso afirmar que a Corveta Imperial Marinheiro sempre fará parte de nossas vidas.
"VIVA A IMPERIAL DOS MARES."