A maior parte do litoral gaúcho não é um oceano de beleza selvagem com promontórios e acidentes recortados caprichosamente contra o horizonte. Não. De certo modo, o Rio Grande do Sul se assemelha com sua costa marítima: reta, sem ornamentos, de tons cinzas e castanhos, distante e fria mesmo quando iluminada pelo sol. Não que essa descrição seja plenamente original, está mais para um clichê cristalizado no imaginário que o gaúcho construiu de seu próprio litoral, e como a literatura lida, entre outras coisas, com representações do imaginário, não é de surpreender que as poucas incursões da literatura gaúcha pelas areias de suas praias sejam carregadas da mesma melancolia que se instala no espírito de quem observa o mar encapelado em uma tarde chuvosa.