Neste sábado (7), o Papa Francisco celebrará o décimo Consistório Ordinário Público para a criação de 21 novos cardeais – os membros da Igreja Católica mais próximos do pontífice. O arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, é o único brasileiro da lista, que foi anunciada em outubro. A celebração será realizada no Vaticano, ao meio-dia (no horário de Brasília).
— É uma responsabilidade e um privilégio. Responsabilidade porque somos chamados a uma cooperação mais intensa com o serviço que o papa Francisco faz em favor de toda a Igreja. E é um privilégio poder participar desse momento histórico que estamos vivendo, no qual a Igreja e os discípulos de Jesus Cristo têm, certamente, uma tarefa extraordinária de promover a esperança, a fé e a solidariedade — conta o religioso.
A celebração será transmitida ao vivo pelo site Vatican News e pelo canal Rede Vida, na televisão aberta e fechada. O rito contará com orações, leitura do evangelho, leitura da fórmula de criação e proclamação dos nomes dos novos cardeais, entrega dos barretes cardinalícios e da bula de criação dos cardeais.
O catarino de 64 anos ocupa o cargo de arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco. Há um ano, foi eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele também comanda o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). Para Dom Jaime, a nomeação é um reconhecimento de todos os anos de dedicação:
— Digo e expresso isso com muita serenidade. Eu creio que esse título que receberemos é também um reconhecimento do trabalho que realizamos todos esses anos no Rio Grande do Sul e que estamos realizando em diversos âmbitos da Igreja Católica na América Latina. Mas dedico tudo isso ao nosso Estado, principalmente a todos que se empenharam de forma direta ou indireta nessa grande obra de solidariedade pós tragédia climática.
Ele defende, também, que ser o único brasileiro da lista mostra que o papa Francisco se sente próximo do povo gaúcho. Dom Jaime relata que, em outubro, esteve em uma audiência no Vaticano e o chefe da Igreja Católica chamou sua atenção ao dizer “bom dia” e ao perguntar “como está o Rio Grande do Sul?”, em português.
Agora, como cardeal, ele deverá estreitar ainda mais os laços com o pontífice, auxiliando-o em diversas competências. E, se necessário, poderá participar do conclave para escolha de um novo papa.
Em Roma desde quarta-feira (4) para o consistório, o presidente da CNBB relata que está com a agenda cheia. Na sexta-feira (6), celebrou uma missa para um grupo de peregrinos da Arquidiocese de Porto Alegre e encontrou amigos. No tempo livre, aproveitou para conhecer mais o Vaticano.
— Mas não viemos só para passear. Está sendo intenso, tenho caminhado bastante. São muitas reuniões — relata.
No domingo (8), o papa Francisco presidirá uma missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, às 5h30min no horário de Brasília, para celebrar todos os novos membros do colégio de cardeais. Participarão representantes da Igreja Católica de diferentes países do mundo.
Quem pode ser cardeal
Antigamente, leigos podiam ser nomeados cardeais. Em 1918, Bento XV decidiu que todos os cardeais deveriam ser ordenados presbíteros. Depois, João XXIII decidiu que deveriam ser bispos. Atualmente, segundo a CBNN, os cardeais que já receberam o presbiterado podem ser eleitos pelo papa.
A partir de sábado, a Igreja passará a contar com 253 cardeais, sendo 140 eleitores em um futuro conclave. Com dom Jaime Spengler, serão oito brasileiros na lista de membros do colégio de cardeais.