O empresário Tallis Gomes vai deixar o conselho consultivo da marca de moda íntima Hope. A saída foi anunciada em nota assinada pela diretora da empresa, Sandra Chayo, divulgada neste sábado (21). Em publicação no Instagram na quinta-feira (18), para responder a pergunta de um seguidor se estaria noivo da mulher se ela fosse CEO de uma grande empresa, Gomes respondeu "Deus me livre de mulher CEO".
"Tallis Gomes deixará o conselho consultivo da Hope. Acreditamos que esse é um momento em que ele precisa refletir sobre a importância das lideranças femininas e como essa evolução traz ganhos e benefícios para toda sociedade, que não irá retroceder", diz trecho da nota da marca.
No texto, a diretora destaca as lideranças femininas que comandam a Hope, e reforça que tem esperança na "construção em conjunto de uma realidade em que a equidade de gênero não seja mais um tema a ser discutido".
Além da manifestação sobre mulheres em cargos de poder de grandes empresas, o empresário também escreveu que mulheres nesta posição acabam passando por um processo de "masculinização". Acrescentou que o lar, nesses casos, "fica em quarto plano".
“Deus me livre de mulher CEO. Salvo raras exceções, (eu particularmente só conheço 2); essa mulher vai passar por um processo de masculinização que invariavelmente vai colocar meu lar em quarto plano, eu em terceiro plano e os meus filhos em segundo planos”, redigiu em seu perfil da rede social.
Posteriormente, em outras postagens, discorreu sobre sua opinião, avaliando que, “na média, essa não é o melhor uso da energia feminina. A mulher tem o monopólio do poder de construir um lar e ser base de uma família”, explicou Gomes. Ainda de acordo com ele, um dos principais culpados por esse processo é o movimento feminista, que “começou a obrigar a mulher a fazer papel de homem”.
Repercussão
Ao longo da quinta-feira (19), empresárias e profissionais de diferentes áreas se manifestaram em redes sociais criticando a fala e defendendo o protagonismo feminino e o poder de escolha das mulheres.
Ainda na quinta, o executivo voltou a se manifestar. Desta vez, disse estar arrependido e pediu desculpas. “Em momento algum no meu texto eu quis questionar a capacidade de uma mulher de ser CEO. Disse única e exclusivamente, com as palavras erradas e com o tom errado, quem eu gostaria do meu lado como mulher”, afirmou.
Em agosto, o empresário já havia sido citado em uma polêmica, ao declarar em um podcast que seus funcionários possuem uma rotina de 80 horas de trabalho por semana.
Gomes daria uma palestra em um evento do Instituto Caldeira, em Porto Alegre, mas, devido à pressão, sua participação foi cancelada.