Correção: a expectativa de vida subiu, não caiu como publicado entre as 10h e as 15h30min desta quarta-feira (29). Os dados usados pelo IBGE para o cálculo da Tábua da Mortalidade consideram números diretos de óbitos e da população recenseada em 2022, e não a projeção. O texto já foi corrigido.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta quarta-feira (29), a Tábua Completa da Mortalidade no país, referente a 2022. A esperança de vida ao nascer do brasileiro em geral ficou em 75,5 anos. Ou seja, é esperado que um bebê nascido no ano passado viva, em média, até esta idade. A expectativa de vida registrada para as mulheres foi de 79 anos enquanto a dos homens foi de 72.
A expectativa apresentada agora é maior do que as dos anos iniciais da pandemia de covid-19. Antes da crise, em 2019, a esperança de vida geral era de 76,2 anos. Em 2020, caiu para 74,8 anos e, no ano seguinte, para 72,8 anos.
Os números apresentados nesta quarta-feira divergem dos apresentados na Tábua de 2021, por exemplo, quando naquele ano a expectativa de vida média no Brasil era de 77 anos. A explicação está na metodologia e também na base de dados usada: números diretos de óbitos (ajustados por sub-registro) e da população recenseada em 2022 para cálculo das taxas de mortalidade.
— Este é o primeiro ano que atualizamos os dados de óbitos observados, diferentemente das tábuas que projetavam a mortalidade calculada pelo Censo Demográfico 2010, o que ocorreu até 2021. Até então, os números mostravam aumento na esperança de vida, até chegar a pandemia —lembra Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE.
Segundo ela, uma mudança de metodologia no início da pandemia seria muito abrupta para aquele momento. Com a realização do Censo Demográfico 2022, houve mais segurança para o cálculo dos dados sobre a mortalidade, acrescidos dos ajustes sobre sub-registros de óbitos observados. Para Izabel, não fosse a crise sanitária mundial, as expectativas de vida continuariam crescendo.
— A queda na esperança de vida em 2020, 2021 e 2022 se dá pelas mortes durante a pandemia, principalmente no segundo ano. Mas, sem a covid-19, a projeção é de recuperação destes dados — explica a especialista.
A projeção de duração média de vida dos brasileiros vem crescendo desde 1940, quando a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de apenas 45,5 anos. Isto significa que a população no Brasil vive, em média, 30 anos a mais do que há cerca de 80 anos.
Diferenças por sexo
A taxa de mortalidade infantil (TMI) - calculada em relação aos nascidos vivos - indica que, de cada mil crianças, 12,9 vieram a falecer antes de completar um ano, em 2022. Neste dado, também aparece uma diferença entre os sexos. A TMI é menor para as mulheres (11,7 por mil) em relação aos homens (13,9 por mil).
— A população masculina apresenta maior mortalidade em todas as idades. Isso está relacionado a motivos biológicos, costumes, hábitos diferentes em relação às mulheres. Além disso, os homens morrem mais em decorrência de causas não naturais, como homicídios e acidentes — relata Izabel.
Para o próximo ano, está prevista a divulgação da Tábua de Mortalidade de 2022 por Estados e o Distrito Federal, que servirão de base para os dados por unidade federativa a partir das próximas edições da pesquisa.
Os próximos anos devem ser marcados pela redução do excedente de óbitos entre os idosos, como reflexo da redução dos óbitos por covid-19, segundo o estudo.
— Esperamos que 2023 registre menos mortes que 2022. Para saber qual o nível de recuperação, se já será a média pré-pandêmica, ainda precisaremos esperar um pouco — conclui a gerente do IBGE.