Quarenta e dois enxadristas participam, neste domingo (7), do último dia da final do Campeonato Gaúcho de Xadrez Absoluto. Aberta a todos os jogadores cadastrados na Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), o evento ocorre no Colégio Farroupilha, no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. No xadrez absoluto, homens e mulheres podem se inscrever e competir juntos.
O ambiente da competição é marcado por adversários enfileirados em mesas lado a lado, silêncio e concentração, com jogadores focados nos movimentos do oponente e em suas próximas investidas. Semblantes sérios e mão na cabeça se destacam entre os gestos no local. Neste domingo, são realizadas as últimas três rodadas da final, que deve ser encerrada com o anúncio dos vencedores — só depois das 22h a última disputa foi concluída, com o capitão dos bombeiros Rodrigo da Silva Borges como campeão gaúcho.
Um dos árbitros e vice-presidente da CBX, César Viegas afirma que o evento é um sucesso, destacando a estrutura da escola e os enfrentamentos.
— Está sensacional, seja em nível de partidas, infraestrutura e participantes — resume.
Viegas, que também dá aula de xadrez no Farroupilha, afirma que o esporte ganhou força nos últimos anos, impulsionado pela pandemia, que expandiu o número de jogadores em plataformas digitais, e por conteúdos audiovisuais que abordam a prática. O dirigente também destaca a troca de experiências proporcionada pelo esporte, que segundo ele, tem força na inclusão porque atinge os mais variados públicos sem a necessidade de grandes investimentos para o pontapé inicial no tabuleiro.
Dos 42 participantes, três são mulheres. A idade entre os presentes varia entre oito e cerca de 70 anos, segundo os organizadores. Um dos mais novos na sala da final, Matheus Sebástian Di Franco Machado, 12 anos, começou a jogar de maneira recreativa em casa, mas atualmente participa de competições e de um grupo de xadrez. O menino, aluno da escola municipal Aramy Silva, afirma que essa é sua primeira participação na modalidade de xadrez pensado, que conta com maior duração.
— Me ajuda porque pego mais experiência e ritmo para disputar uma partida mais longa. Como se joga com esse tempo maior — destaca.
Machado afirma que, além da troca de conhecimentos e técnicas com os adversários, a oportunidade de observar enxadristas com maior bagagem em ação também é muito importante para sua base e formação.
Ocupando a mesa número um do evento, Felipe Menna Barreto, 35 anos, e Rodrigo da Silva Borges, 35 anos, são dois dos mais experientes competidores da final e contam com os melhores resultados. Barreto destaca o bom nível do evento e afirma que o perfil dos concorrentes sofreu mudanças em relação aos últimos anos, principalmente na média de idade:
— O perfil renovou muito. Entrou muita gente jovem. Antes da pandemia, eram poucas crianças e adolescentes que participavam das competições. A pandemia levou muita gente a jogar na internet e despertou mais esse público jovem, que está chegando agora e aprendendo.
Borges reforça que as redes sociais e o YouTube também ajudaram a propagar o esporte em um contexto onde é mais fácil estudar e praticar em casa. O enxadrista destaca algumas das principais dicas para pessoas que pretendem entrar no circuito competitivo:
— Estudar todas as fases do jogo, de maneira balanceada. Não há necessidade de se dedicar extremamente a uma ou outra fase, mas sim manter um equilíbrio. Estudar táticas, clássicos de jogo posicional e contar com um bom instrutor, que ajuda a passar a bagagem, a experiência necessária para lidar com a pressão na hora da partida.
Junto do filho João Marinho Souza Garbin, sete anos, o servidor público Cristiano Pires foi ao local para acompanhar o evento como espectador. O menino pratica xadrez em casa e o pai resolveu levá-lo à final para incluir o filho em um ambiente de competição:
— A gente procura levar ele para ir conhecendo e entrando em contato, mesmo que indiretamente, com o ambiente, com o movimento emocional.
Pires afirma que o xadrez é um aliado importante na formação do filho, exercitando e aprimorando diversos pontos, como a concentração.
Estão em jogo na final os títulos de campeão gaúcho de xadrez, e também nas categorias sub-18, sub-16, sub-14 e sub-12 2022. Ganha quem tiver a maior pontuação entre vitórias, empates e derrotas. Também serão concedidas medalhas aos jogadores que obtiverem a melhor classificação final nas categorias feminina, pessoa com deficiência visual e veterano. O torneio começou na sexta-feira (5) e contou com disputas no sábado.
O resultado final indicou Frederico Jardim como campeão sub-12, Lorenzo Andrade vencedor sub-14, Joaquim Conceição vencendo na categoria sub-16 e Dionatan Ribeiro como campeão sub-18.
A etapa final estava originalmente programada para dezembro do ano passado, mas precisou ser adiada e agora conta com o apoio do Colégio Farroupilha. O xadrez é uma das modalidades oferecidas nas atividades extracurriculares do colégio, voltada para estudantes do 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental.