Aos 92 anos, morreu nesta terça-feira (18) em São Paulo, o historiador e cientista político Boris Fausto. Em junho de 2021 ele tinha sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas havia tido uma boa melhora. O velório dele será na Funeral Home, na capital paulista, a partir das 8h desta quarta-feira (19).
Considerado um dos maiores historiadores do Brasil, Fausto nasceu em São Paulo no dia 8 de dezembro de 1930. De origem judaica, era o filho mais velho do casal Simon e Eva, que teve outros dois filhos. Ruy, que se tornou filósofo de prestígio, e Nelson, médico de carreira bem sucedida nos Estados Unidos.
Formado em Direito e História pela Universidade de São Paulo (USP), ele foi professor no Departamento de Ciência Política da USP e colunista semanal do jornal Folha de S. Paulo, além de também integrar a Academia Brasileira de Ciências. Fausto ainda foi coordenador de Ciências Humanas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e pesquisador sênior da Rockefeller Foundation, além de professor visitante da Brown University, segundo informações do Estadão.
Devido a poucas opções da época em que ingressou na faculdade, Fausto optou por ser advogado pois acreditava que receberia uma formação mais ampla no campo das humanidades. Com o passar do curso passou a se dedicar mais a questões políticas do que juristas. Conforme a Folha de S. Paulo, com interesses intelectuais que as atividades jurídicas não satisfaziam e estimulado pela esposa, ele começou a estudar história. Antes de se dedicar integralmente às pesquisas e às aulas de história do Brasil, manteve por mais de duas décadas ambas as carreiras.
Sua principal obra, A Revolução de 1930 é considerada ainda hoje um clássico das Ciências Sociais brasileiras. No livro, o historiador contesta as versões que defendem São Paulo durante a Revolução de 1930 e na Revolução Constitucionalista de 1932. O historiador chegou a ganhar três prêmios Jabutis com suas produções.
Ainda de acordo com o Estadão, ele era um estudioso da história política do Brasil no período republicano, ele se debruçou ainda sobre a criminalidade em São Paulo no começo do século 20 e sobre a formação do pensamento autoritário no Brasil.
Em nota, a Fundação Fernando Henrique Cardoso afirmou que Boris Fausto foi pioneiro nos estudos sociais do país e um dos maiores historiadores do Brasil. “Também teve um papel importante no desenvolvimento de pesquisas sobre a história política do Brasil no período republicano, criminalidade em São Paulo e sobre o pensamento autoritário”, escreveu.
A reitoria da USP também se solidarizou com amigos e familiares do cientista no momento de consternação.