Presentear alguém com ovos de chocolate é uma das tradições da Páscoa mais difundidas pelo mundo. Até mesmo adeptos de religiões que não seguem o cristianismo — e, por isso, não celebram a Páscoa cristã —, aproveitam a data como pretexto para degustar os doces feitos de cacau. Eles são a sensação da festa religiosa, marcada pela memória à paixão e ressureição de Jesus Cristo.
Mas, afinal, o que a Páscoa tem a ver com chocolate? Por que os ovos se tornaram um símbolo? Por que presenteamos com ovos na Páscoa? Abaixo, GZH reúne algumas explicações.
A origem dos ovos na Páscoa
Na mitologia chinesa, acredita-se que o Universo foi criado por Pan Ku, que teria vindo ao mundo justamente através de um ovo. Ao se libertar de dentro das cascas, as partes do alimento teriam se dispersado e formado o Universo. Por isso, nesta cultura, ovos representam vida.
Já para os persas, o alimento representava renovação. Por isso, ele era o prato principal no tradicional banquete dado por este povo para celebrar o equinócio de primavera no Hemisfério Norte, marcando assim o fim do inverno.
A prática persa se estendeu ao longo dos séculos pelo território europeu, de modo que, em diferentes regiões da Europa, a chegada do equinócio passou a ser celebrada com a troca de ovos de galinha entre as pessoas. O alimento era pintado e enfeitado com desenhos de cores diversas e entregue como um presente para comemorar a chegada da primavera.
A tradição era tão forte que, entre 1885 e 1916, os czares russos Alexandre III e Nicolau II abandonaram os ovos de galinha e encomendaram 50 ovos de ouro ao famoso joalheiro russo Peter Carl Fabergé para presentear pessoas. As joias foram decoradas por ele com pedras preciosas, formando desenhos semelhantes aos feitos nos ovos de galinha trocados durante o equinócio de primavera.
Relação com o equinócio
O equinócio, aliás, ocorre em período próximo ao que se celebra a Páscoa. Historiadores acreditam que por isso a prática de trocar ovos tenha sido adotada pelos cristãos na Páscoa, trazendo assim um simbolismo religioso para o ato já tradicional. O entendimento é o de que, assim como o equinócio marca o fim do inverno para a chegada de uma nova estação, a Páscoa também simboliza a chegada de um tempo melhor, através da ressureição de Cristo.
O bispo de Santa Cruz do Sul, Dom Aloísio A. Dilli, explica, em artigo, que o ovo "contém dentro de si a força de uma nova vida para emergir. Da mesma forma, o sepulcro de Cristo ocultava a vida nova que irrompeu no alvorecer pascal". Segundo ele, o alimento também é um símbolo porque relembra a força do encontro com Cristo na vida dos fiéis: "Estaremos na obscuridade do túmulo, na penumbra da morte, como Cristo. Mas a força da ressurreição age em nós e um dia sairemos destas trevas, radiantes e transformados".
E o chocolate?
A tradição dos ovos de Páscoa, porém, também começou com os ovos de galinha. Sem muito simbolismo, o chocolate foi adotado como matéria-prima dos ovos em meados do século XIX, por confeitarias francesas. Primeiro, as cascas dos ovos de galinha passaram a ser esvaziadas e recheadas com chocolate. Anos depois, todo o ovo passou a ser feito de chocolate, ao molde dos ovos de Páscoa que conhecemos hoje.
Historiadores acreditam que a mudança possa estar relacionada à proibição imposta à época aos cristãos, pela Igreja Católica, de comer ovos durante a Quaresma. Independentemente do motivo, a troca costuma ser elogiada por quem gosta de comer chocolate e aproveita os ovos na Páscoa.