Passadas as festividades do Natal e do Réveillon, ainda no início do ano, em 6 de janeiro comemora-se o Dia de Reis. Popularmente conhecida por ser a data para desmontar o pinheirinho e encerrar as comemorações de fim de ano, o dia também carrega um significado importante para a fé cristã. Em 6 de janeiro, o recém-nascido Jesus Cristo teria recebido a visita dos três Reis Magos, que o presentearam com incenso, mirra e ouro.
Os presentes, que em um primeiro momento podem parecer pouco comuns para serem dados a uma criança, são mais do que uma recordação, mas um símbolo, já que, de acordo com a tradição cristã, cada um deles reserva um significado especial sobre o nascimento de Jesus. Para além do seu simbolismo, a ciência ainda mostra que esses presentes trazem diferentes benefícios para a saúde.
O ouro, dado pelo rei mago Melchior, mostra o reconhecimento de que, mesmo ainda bebê, Jesus seria o rei universal — já que esse elemento está ligado à realeza e à riqueza. Registros históricos indicam que, embora associado ao luxo, o ouro também era usado para fins medicinais. De acordo com o Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES), da Unicamp, há 5 mil anos os egípcios bebiam um elixir de ouro, para o rejuvenescimento e cura de doenças.
De lá para cá, diversos benefícios foram descobertos sobre esse metal. O ouro foi muito utilizado na odontologia, já que não é tóxico, tem fácil modelagem e não se desgasta com o tempo. Em 1890, o pesquisador alemão Robert Koch recebeu o Prêmio Nobel por descobrir que compostos feitos com ouro inibiam o crescimento das bactérias que causavam a tuberculose. Conforme o LQES, hoje, na medicina moderna, o elemento está inserido em tratamentos de doenças como artrite, úlceras de pele, neuropatia, desintoxicação e desnutrição.
Dado pelo rei mago Gaspar, o incenso era ofertado somente para as divindades. Assim, o presente mostra que os magos viram em Jesus o próprio Deus. Já a mirra, uma oferta do rei mago Baltazar, era usada para preparar os corpos para o sepultamento. Assim, ao presentear Jesus com a mirra, os magos viram nele humanidade, como se aquele que é o rei universal também fosse verdadeiramente humano.
Um estudo da Universidade de Cardiff, do Reino Unido, indicou que os dois presentes, o incenso e a mirra, têm propriedades anticancerígenas. Em entrevista à BBC, Ahmed Ali, um dos cientistas responsáveis pela pesquisa, explicou que o olíbano (resina aromática usada na fabricação de incensos), especialmente o extraído na Somália, pode ser usada para mitigar a metástase de células cancerígenas invitro. Ou seja, com ele é possível impedir que o câncer se espalhe.
A substância ainda pode ser utilizada para interromper inflamação ou inchaço e consegue ajudar no combate à artrite, além de reduzir os sintomas da colite ulcerosa - uma condição inflamatória intestinal.
A mirra, por sua vez, se utilizada no tratamento contra o câncer, consegue atacar as células cancerígenas e as matar, sem prejudicar as saudáveis. Richard Clarkson, colega de Ali no estudo, explicou à BBC que a combinação da mirra, que tem como alvo as células atingidas pelo câncer, com o extrato do olíbano, que impede o tumor de se espalhar, pode ser um bom caminho na luta contra a doença.
Natural da África do Sul, a planta medicinal também é comumente utilizada para dor de garganta, inflamação na gengiva, infecções de pele ou acne, por exemplo, já que tem propriedades anti-inflamatórias.