Inspirado na iniciativa de empreendimentos holandeses para driblar a pandemia de coronavírus, um restaurante de Canoas instalou duas casas de 2m por 1,5m, com paredes e cobertura plásticas, em armação de ferro, para isolar as mesas na área aberta. A proposta tem feito tanto sucesso entre os clientes que o Gran Armazém está concluindo uma terceira, ainda maior, e já pensa em instalar outras duas.
Segundo Michele Baja, uma das sócias, as peças eram, inicialmente, para serem uma solução durante a pandemia. Mas conquistaram a clientela para cafés e jantares românticos. E foram os clientes, por meio de votação pelo Instagram, que escolheram o nome das casinhas: Gran Petit.
— Fizemos a votação em junho e muitos participaram da eleição. Foi uma experiência nova para nós — conta Michele, que mantém o empreendimento há dois anos e três meses.
Personalizadas, as barracas ganharam decoração diferenciada. Uma é inspirada na Tailândia e a outra, no mundo árabe. Ambas comportam de duas a três pessoas. A terceira, que será para quatro clientes, lembrará a Itália. O espaço é higienizado a cada novo cliente e, no período da manhã, antes da abertura do restaurante, cada casa plástica é purificada por 40 minutos com ozônio. Mas há um porém.
— Em dias com temperaturas mais altas, a casa esquenta. Então, ela é recomendada para dias nublados, de chuva e, principalmente, à noite. Estamos estudando uma outra possibilidade para os dias de calor — comenta Michele.
Cliente do Gran Armazém, o empresário Rogério Donelli, 63 anos, que mora em Caxias do Sul e mantém uma empresa em Canoas, fez questão de levar a família para conhecer o restaurante e almoçar numa das Gran Petit. Rogério, a mulher dele, Patrícia, 47 anos, a filha, Malu, 16, e até a cachorrinha Dora aprovaram o ambiente.
— É uma opção interessante porque está isolada e te dá a tranquilidade de saber que ninguém sem máscara estará próximo de você. E o local tem todo um charme — justifica Rogério.
Ao saber pela reportagem sobre a iniciativa do restaurante de Canoas, o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Starosta Chmelnitsky, elogiou a ideia, disse desconhecer outro empreendimento parecido na região e reforçou a importância de ações como a do restaurante para alavancar a economia, mesmo em meio à pandemia.
Presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI), Alexandre Vargas Schwarzbold aprovou as casas plásticas e lembrou da Holanda, onde os restaurantes ergueram construções muito parecidas que acabaram inspirando o empreendimento de Canoas.
— Acho bem interessante separar, principalmente, os profissionais dos clientes. Não importa o material usado, desde que faça barreira física para as gotículas. É fundamental que a higiene ocorra a cada atendimento, que os profissionais continuem usando máscaras e que os clientes dentro da casa se conheçam, de preferência sejam familiares e morem no mesmo local. Do contrário, se uma das pessoas estiver infectada, pode passar para a outra ao lado — aponta Schwarzbold.
Já o infectologista Ronaldo Hallal recomenda que o ambiente, mesmo sendo ao ar livre, continue sendo higienizado entre um atendimento e outro — o que já ocorre. Hallal explica que o ideal seria um local com ventilação mais ampla, como, por exemplo, a casa de plástico apenas com as paredes, sem o telhado.
— O ideal mesmo é que se tenha entre as pessoas um anteparo para conter as gotículas de cada uma — sugere.
A proposta de Hallal pode ser a alternativa que os sócios do Gran Armazém estão buscando para os dias de calor.