Após encontrar a família de Gustavo Amaral, engenheiro morto em ação da Brigada Militar, e representantes do movimento Vidas Negras Importam, o governador Eduardo Leite decidiu criar um grupo de trabalho para debater temas relacionados ao genocídio da população negra e a relação com a polícia. O grupo, segundo o governo do RS, será liderado pela Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos.
Gustavo Amaral foi morto por policiais da Brigada Militar enquanto estava indo trabalhar e acabou sendo parado em uma barreira na RS-324, em Marau, no norte gaúcho, em 19 de abril deste ano. Ele foi alvejado pelos policiais militares porque um dos agentes teria, segundo o inquérito, confundido o aparelho com uma arma. O inquérito chegou à conclusão de que ninguém poderia ser indiciado, devido à "legítima defesa putativa".
A conversa contou também com a participação do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior. Ficou estabelecido que, além de representantes da secretaria de Justiça e Direitos Humanos e dos movimentos, integrantes da Secretaria de Segurança Pública, pasta comandada por Ranolfo, também irão participar das reuniões.
No encontro, realizado no Palácio Piratini, o governador lamentou o ocorrido com Gustavo e destacou a importância do diálogo.
— Nem de perto posso querer dizer que sei o que passam, mas estou aberto, como cidadão e como governador, a ouvir para entender — afirmou Leite.
Guilherme dos Santos Amaral, irmão da vítima, afirma que foram abordados temas como um melhor treinamento de policiais, para que casos como esse não voltem a ocorrer. Ele também questionou o resultado do inquérito, pedindo uma "investigação isenta".
— A vida do Gustavo não volta, mas queremos uma investigação isenta sobre a morte dele. Saímos satisfeitos da reunião, pela forma como fomos recebidos e pelo o que foi proposto pelo governador de que mudanças nesse sentido precisam ser feitas — ressaltou Guilherme.
Apesar do resultado do inquérito da Polícia Civil, a Corregedoria-Geral da Brigada Militar (BM) decidiu indiciar o soldado da corporação que atirou contra Gustavo dos Santos Amaral.