A última vez em que a atriz e produtora Laura Leão, 36 anos, viu a namorada Yara Balboni, 37 anos, foi no dia 16 de março, no aeroporto. Yara ficou no Paraná, com a mãe de 73 anos, que está no grupo de risco do coronavírus. Laura voltou para a casa em que vive com a namorada em Porto Alegre, de onde também consegue ajudar seu avô, de 91 anos. Como muitos outros casais no Brasil, as duas não vão poder passar o Dia dos Namorados juntas na sexta-feira (12) por causa da pandemia de covid-19.
— Mas nenhuma fica se queixando — conta Laura, que vê na distância, inclusive, um ato de amor. — Eu acho que nunca ficar longe significou tanto amar: o importante nesse momento é a gente passar por essa e as pessoas que a gente gosta ficarem bem.
Essa tranquilidade, conta a atriz, vem de saber que as duas estão fazendo a coisa certa. Segundo a psicanalista Mariana Steiger Ungaretti, que é professora da Faculdade Imed e presidente da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, é natural sentir saudade e até uma certa angústia, mas também é necessário pensar que a distância em um momento como esse é necessária, “por um bem maior”.
A psicanalista também propõe a reflexão sobre o que é presença:
— Não estou dizendo que é igual, mas poder usufruir da companhia um do outro em formato virtual, por vídeo, telefone, não seria estar presente também?
Laura e Yara se falam por chamada de vídeo o tempo inteiro. Chegam a deixar a câmera ligada enquanto trabalham, lavam a louça e jantam. O presente de Yara já chegou, lá em Londrina: um par de pantufas para que a atriz possa esquentar os pés da namorada mesmo que longe.
Cristiana Felicio, 44 anos, montou todo um cenário para passar a data distante do Ricardo Lau, 46 anos. Tinha um plano arquitetado mandar algumas lembranças e guloseimas. Cristiana está em Porto Alegre com o filho do casal, Muriel, de 7 anos, enquanto Ricardo está trabalhando no interior do Paraná. Se o teste de covid-19 desse positivo, iam seguir longe. Nesta segunda-feira, porém, saiu o resultado negativo. Ele não vem no Dia dos Namorados em si, mas chegará no sábado, a tempo de celebrarem juntos.
Juntos há 12 anos, Cristiana e Ricardo já têm experiência em ficar distantes por causa do trabalho, já que são biólogos. Ricardo participa da vida dela e do filho o tempo todo por chamada de vídeo, até mesmo nas reuniões da escola antes da pandemia. Cristiana afirma que “tudo é uma questão de criatividade”.
— A gente já passou várias datas comemorativas longe, mas sempre dá um jeito de inventar algo. O importante é não perder a chama.
Já para Matheus Rangel, 23 anos, e a estudante Debora Cristina Goulart Ramos, 22 anos, será a primeira vez em quatro anos em que eles vão passar o Dia dos Namorados longe um do outro. A mãe de Debora, que mora na mesma casa que ela, em Porto Alegre, foi diagnosticada com covid-19 em maio. Para evitar uma possível transmissão, o casal está sem se ver há pouco mais de duas semanas.
— Não temos lá muita sorte com a data, já tivemos perrengue com restaurante, essas coisas, mas a gente sempre conseguiu passar juntos. E também nunca ficamos tanto tempo sem se ver em todo o relacionamento — lamenta Matheus, que mora em Alvorada.
Eles também mandaram entregar os presentes. Sobre isso, a psicanalista Mariana ressalta que, ainda mais em tempos de crise, não é necessário enviar algo caro. Uma lembrança ou um gesto que rememore algo do casal, aquela coisa que só os dois sabem, pode ter ainda mais valor.
— É uma oportunidade criar coisas para além do financeiro, podendo ativar determinadas histórias, diálogos que só o casal sabe. Algo que seja simbólico.
Cinco dicas para celebrar a data à distância:
1: Jantar surpresa
Se existe uma coisa que é quase tão importante quanto o amor do casal nesta data é a comida. Por isso, a primeira dica é enviar um prato especial para a casa do seu amor — aproveitando que quase todos os restaurantes estão operando por delivery em tempos de pandemia.
O Destemperados preparou dicas de kits, que inclui delícias como a tábua com bolinho vulcão, brigadeiros, morangos, damascos e palha italiana do Chocolah Doces — (51) 99647-8806 — e um brunch com direito a panquecas com Nutella do Bomba Royal — (51) 99973-1515.
2: Cinema sincronizado
Assistir a um filme agarradinhos, enrolados em cobertores no sofá, é um clássico do Dia dos Namorados. Se não dá para fazer isso no momento, vocês podem assistir ao mesmo filme, na mesma hora, comendo pipoca e tomando a mesma coisa.
Você nem Imagina (2020), Questão de Tempo (2013) e O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997) são algumas dicas do colunista de GaúchaZH Ticiano Osório. E se por um acaso o(a) namorado(a) não tem nenhum serviço de streaming, como Netflix, HBO GO ou Amazon Prime, a assinatura pode ser uma ideia de presente.
3: Álbum de fotos
Lembrar de momentos lindos que viveram juntos é sempre interessante, ainda mais quando há esse empecilho da distância. Cogite fazer um álbum com as melhores fotos e vídeos do casal — e também os piores, para dar umas risadas.
Não precisa nem sair de casa para isso, tem várias ferramentas gratuitas para fazer isso online, como o Google Fotos.
4: Lives românticas
Não vai dar para ir em um show juntos, mas dá para assistir à mesma live. Nando Reis (19h), Anavitória (21h), Duda Beat (23h), Lulu Santos (21h), Daniel e Roupa Nova (19h), Silva (20h), Flavio Venturini (20h), e Serginho Moah (21h) são alguns dos artistas que já confirmaram que vão fazer show ao vivo com transmissão pela internet na sexta-feira (12).
5: Saudades do que a gente não viveu
Em vez de dar tanta atenção para a falta que o outro faz, talvez seja uma boa usar o Dia dos Namorados para pensar no futuro. Seguindo a dica da psicanalista Mariana Steiger Ungaretti, dá para colocar no papel planos e sonhos compartilhados, buscar fotos de uma viagem que vocês querem fazer, por exemplo, e pesquisar as atividades que pretendem realizar juntos.