Reflexões do arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, e do rabino Uri Lam marcaram o segundo e último dia do Encontro Nacional do Diálogo Católico-judaico, nesta segunda-feira (25). Realizada na Cúria Metropolitana, na Capital, a reunião de representantes das religiões terminou com orações e com a convicção de que é necessário buscar ações conjuntas.
Dom Jaime Spengler chamou a atenção para as diversas crises que países da América Latina enfrentam, e que formam um pano de fundo para a realidade brasileira. Para o arcebispo, a transmissão da fé para as novas gerações precisará estar fundamentada em quatro pilares: a humanidade, a proximidade, a empatia e a espiritualidade.
—O diálogo inter-religioso nos ajudará neste sentido. Escutar é um gesto de acolhimento, de colocar-se no lugar do outro. Há um texto medieval atribuído a São Francisco que fala sobre o silêncio na relação com as diferenças. Silenciar não como um censurado ou omisso, mas como um modo de ser: sem preconceito, sem sentimento de superioridade, sem o desejo de ser reconhecido. Se mudamos a compreensão do que somos, mudamos o que fazemos. E o que fazemos, muda o mundo — afirmou.
O rabino Uri Lam destacou que nenhuma religião é detentora da verdade suprema, o que justifica que ambas invistam na aproximação. Lam lembrou a teoria que visa promover um ecumenismo profundo, que considera que as necessidades de toda a humanidade são melhor atendidas quando há respeito a outros caminhos religiosos e colaboração.
— Cada tradição religiosa é um órgão no corpo da humanidade coletiva; e por eles passa o mesmo sangue — afirmou.
O encontro da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ocorreu no domingo e nesta segunda-feira em Porto Alegre e teve como tema “Construindo pontes numa sociedade indiferente”.