Uma em cada três crianças com menos de cinco anos está desnutrida ou sofre de sobrepeso no mundo, o que pode acarretar problemas de saúde durante toda a vida, adverte um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) publicado nesta segunda-feira (14).
Ao menos 227 milhões de crianças estavam afetadas por estes problemas alimentares, das 676 milhões que habitavam o planeta em 2018, calculou a entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), no maior estudo sobre o assunto dos últimos 20 anos.
A pesquisa revela, ainda, que 340 milhões de crianças sofrem de carências alimentares.
A globalização dos hábitos alimentares, a persistência da pobreza e a mudança climática estão fazendo com que um número crescente de países acumule esta "tripla carga" de desnutrição, sobrepeso e carências, destaca o relatório.
— Muitos países na América Latina, leste da Ásia e do Pacífico acreditavam ter relegado a desnutrição ao passado, mas agora descobriram que têm um problema novo muito importante — disse à AFP Victor Aguayo, chefe do programa de nutrição da agência.
Aguayo citou como exemplo o México, onde "ainda há uma grande proporção de crianças desnutridas e, ao mesmo tempo, uma grande pandemia de sobrepeso e obesidade infantil, considerada uma emergência nacional pelo governo".
— A maneira como entendemos e reagimos à desnutrição precisa mudar: não se trata apenas de dar às crianças comida suficiente. Antes de tudo, é preciso lhes dar uma boa alimentação — destacou Henrietta Fore, diretora da UNICEF, em um comunicado que acompanha o relatório.
A desnutrição segue, dentre os dois, sendo o principal problema, ao afetar as crianças quatro vezes mais que o sobrepeso.
O número de crianças que não recebe suficiente comida para suas necessidades nutricionais retrocedeu 40% entre 1990 e 2005, mas prevalece como um grande problema em muitos países, especialmente na África subsaariana e no sul da Ásia.