A exibição do filme "Quando uma imagem vira pesadelo — parte II" marcará o lançamento da segunda fase da companha de prevenção à postagem e ao compartilhamento de imagens íntimas de crianças e adolescentes, do Ministério Público do Rio Grande do Sul. O evento ocorrerá nesta quarta-feira (4), a partir das 14h, no Auditório do MP, em Porto Alegre.
O filme de um minuto aborda o tema do ponto de vista do adolescente que compartilha as imagens. Na primeira parte, lançada em 2018, uma menina vive o pesadelo de ter suas fotos íntimas compartilhadas nas redes sociais.
A campanha, que iniciou em outubro de 2017, tem como objetivo alertar os jovens sobre as implicações legais do vazamento de imagens nas redes sociais, e os danos emocionais causados nas vítimas. A ação está vinculada à campanha brasileira de combate ao suicídio, o Setembro Amarelo.
A instituição decidiu desenvolver a campanha devido ao aumento de casos envolvendo menores de 18 anos. De acordo com a coordenadora do Centro de Apoio Operacional Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões, Denise Villela, muitos casos de jovens autolesionados ou que tentam suicídio se revelam vinculados à exposição de imagens na internet:
— Esta questão tem várias faces, que implicam em significativos riscos à saúde física e mental dos adolescentes. As fases da campanha seguem a cronologia do problema.
Além dos filmes, a campanha também conta com uma ferramenta de inteligência artificial para auxiliar crianças e adolescentes que estejam em situação de vulnerabilidade. A página do Facebook "Fale com a Manú" foi desenvolvida pelo MP para conversar com esse público de forma direta. O recurso já existia na primeira etapa da campanha e, inclusive, serviu para encaminhar adolescentes para atendimento nas promotorias. Para a segunda fase, foi investido no aprimoramento da ferramenta.
— A Manú foi criada para auxiliar em problemas que, no passado, não existiam, como por exemplo o cyberbullying (assédio virtual) e a chantagem decorrente do compartilhamento de imagens íntimas, mas que, atualmente, em função das redes sociais, são cada vez mais presentes na vida dos adolescentes — afirma o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen.
Psicóloga da instituição, Ana Paula Schmidt Lourenço acredita que o recurso virtual oferece um ambiente familiar aos jovens, onde poderão tirar dúvidas, se expressar e até mesmo pedir ajuda.
— O Ministério Público não pretende que a Manú resolva toda a situação de crise que pode decorrer de um nude. Mas entendemos que pode ser uma porta de entrada para um pedido de ajuda, para esclarecimentos sobre a situação e para melhor autoproteção _ diz Ana Paula.
Quem é a Manú?
A Manú é um chatbot — programa de computador que simula um ser humano na conversação com as pessoas, interagindo com os usuários por meio de perguntas e respostas pré-programadas. É uma personagem fictícia de 13 anos. Ela nasceu no mundo virtual para ajudar a prevenir e orientar pessoas que assim como ela estão passando por situações de vulnerabilidade relacionadas ao compartilhamento de fotos ou vídeos íntimos.
Com uma linguagem simples e direta, utilizando termos comuns entre os adolescentes, Manú apoia e orienta. A personagem está disponível para conversar na caixa de conversa da página no Facebook, que pode ser acessada a partir deste link.
Atendimento e orientações
Os temas abordados durante a conversa foram desenvolvidos pelo Gabinete de Comunicação do MP com suporte técnico da psicóloga da instituição, Ana Paula Schmidt Lourenço e da coordenadora do CAO Infância, Denise Villela.
No início da conversa, a ferramente busca identificar em que situação o jovem se encontra. Para não deixá-lo desatendido em um possível momento de urgência e vulnerabilidade, Manú informa os números da Brigada Militar, do Centro Valorização da Vida e do Disque 100.
A partir disso, o bate-papo varia de acordo com o problema do jovem. Se a pessoa já enviou fotos íntimas, a Manú pergunta se elas já foram compartilhadas ou se esse é justamente o medo. Se já foram publicadas, a conversa é em tom de empatia, sem julgamentos. Se ainda não foram, ela orienta e envia o Artigo do Código Penal que indica que o compartilhamento é crime com pena de 1 a 5 anos prisão.
Veja como funciona: