Leonard Mlodinow é um divulgador da ciência. Seus livros explicam de forma acessível temas como a presença da aleatoriedade no dia a dia (O Andar do Bêbado, de 2008), o papel do inconsciente na tomada de decisão (Subliminar, de 2012) e a história da ciência (De Primatas a Astronautas, de 2005).
Seu mais recente lançamento no Brasil, Elástico (Zahar), que chegou às livrarias em 2018, desvenda o mecanismo do cérebro responsável por pensar fora da caixa e se adaptar a um novo contexto. É o pensamento elástico, mais fundamental do que nunca para lidar com as revoluções cada vez mais rápidas da atualidade.
Nascido em Chicago de pais que foram sobreviventes de campos de concentração nazistas e se encontraram em Nova York, o autor descobriu a física nos anos 1970 durante uma estadia em um kibutz em Israel, por meio dos livros do físico americano Richard Feynman.
Seu campo de atuação é vasto e inclui incursões pela ficção, como os roteiros que escreveu na década de 1980 para a série Jornada nas Estrelas: a Nova Geração e um romance que planeja produzir. Mlodinow esteve na Capital em maio para participar do 10° Fórum Instituto Unimed, ocasião em que recebeu ZH.
Em um mundo em constante transformação, no qual as revoluções ocorrem mais rápido do que nunca, o pensamento elástico é fundamental?
Sim, pelas razões que você falou. O pensamento lógico e analítico é bom para quando você tem o seu problema já definido, em uma situação na qual você sabe quais são os seus objetivos e que abordagens utilizar. Daí você apenas aplica o raciocínio lógico e analítico para ir de A para B e para C, em direção a seus objetivos. Mas, quando há um novo problema ou uma situação que mudou, aí é diferente. Antes de poder aplicar o pensamento lógico para resolver esse problema e chegar a seu objetivo, primeiro você tem de entender qual é o seu objetivo nessa nova situação. Qual é a melhor forma de abordá-la, de pensar sobre ela? Que conceitos deve usar para enquadrar a situação? É onde entra o pensamento elástico, que requer que você integre ideias de diferentes áreas, além de imaginação e criatividade. Requer um novo tipo de pensamento, capaz de abandonar velhas pressuposições e questioná-las para entender o que realmente está por trás de suas ideias e levá-lo ao que você não pensaria normalmente. Em uma nova situação, você tem de se questionar.
No passado, todos tínhamos o mesmo trabalho por toda a vida ou pelo menos por uma década. Agora, parece que trocamos de trabalho de poucos em poucos anos, até mesmo mudamos de área.
LEONARD MLODINOW
Que mudanças sinalizam a importância do pensamento elástico hoje?
O pensamento elástico é mais útil quando os tempos estão mudando. No passado, todos tínhamos o mesmo trabalho por toda a vida ou pelo menos por uma década. Agora, parece que trocamos de trabalho de poucos em poucos anos, até mesmo mudamos de área. Eu mesmo já trabalhei com física, já fiz roteiro para TV, escrevi livros. Cada atividade dessas requer diferentes abordagens e habilidades. Você pode trabalhar em marketing em um dia e ser consultor de negócios logo depois. Nos anos 1950, o tempo de vida média de um negócio era de 50 a 60 anos. Agora, é de cerca de 20 anos. Os negócios precisam se adaptar, e as pessoas também. Se não, você termina como as antigas companhias de táxi, que foram substituídas pelo Uber, ou as empresas de enciclopédia, substituídas pela Wikipedia. Companhias como a Kodak também foram abatidas porque não se atualizaram. As pessoas não percebem que há pouco mais de 10 anos não havia smartphones. Uma grande revolução na forma como vivemos aconteceu há uma década, embora pareça um século. Quando eu estava crescendo, uma revolução dessas levava décadas. Só o telefone de botões, que substituiu o de discar, levou 30 anos para se popularizar.
Há uma percepção de que essas mudanças rápidas e constantes provocam medo nas pessoas. O senhor concorda?
Diz-se que as pessoas têm medo de mudança, mas não é verdade. As pessoas têm certa atração pela mudança. Você não quer que o seu trabalho seja o mesmo todos os dias. Ficará entediado se fizer a mesma coisa sempre, não tiver desafios. Outros animais não se importam em fazer coisas repetitivas, mas os humanos estão sempre procurando novos desafios e variedade na vida. Isso vem da nossa herança genética. Sobrevivemos na selva porque temos essa habilidade, tendência ou afinidade de procurar coisas novas. Estávamos sempre explorando. Quando o tempo e as condições mudavam, explorávamos onde havia outros poços de água, comida ou abrigo e pudemos nos adaptar. Essa ideia de que há medo da mudança vem dos negócios, onde normalmente os trabalhadores, quando são forçados a mudar, é para pior. Então, não é a mudança que as pessoas temem, mas a mudança negativa. Ela gera insegurança. Não é verdade que as pessoas têm medo de se adaptar. Elas têm medo de que algo possa terminar mal.
Não é a mudança que as pessoas temem, mas a mudança negativa. Ela gera insegurança. Não é verdade que as pessoas têm medo de se adaptar. Elas têm medo de que algo possa terminar mal.
LEONARD MLIDONOW
Muita gente gosta de novas tecnologias que facilitam a vida, por exemplo.
Algumas pessoas não gostam de aprender uma nova tecnologia porque não querem dedicar tempo a isso. Mas se vem uma nova tecnologia que é fácil de usar, não é cara e facilita a vida, as pessoas não serão contra.
O pensamento elástico tem a ver com criatividade, uma ideia bastante debatida hoje, inclusive no mundo dos negócios, com muitos livros sobre o assunto. Ser criativo é uma maneira de nos diferenciarmos?
A criatividade é uma combinação do pensamento elástico, que é de onde vem as novas ideias e a imaginação, com o pensamento lógico e analítico, porque você tem de guiar suas ideias, se não criará algo diferente, porém, sem significado ou utilidade. Se você é criativo com pintura e apenas espalha diferentes coisas na tela sem um foco ou direção, você provavelmente não terá nada. Se você é um inventor, terá dispositivos ou aplicativos inúteis. Você tem de guiar a sua imaginação e seu pensamento elástico para ser criativo. Precisamos da criatividade para sobreviver hoje. Pense na área dos negócios, em que tudo está sendo desafiado. Há capitalistas de risco em todos os lugares procurando empresas disruptivas. Eles querem fazer dinheiro financiando a inovação. Antes, era diferente. Se você tivesse uma empresa de enciclopédias, as pessoas diriam: "Não comece a fabricar cadeiras. Concentre-se em seu negócio principal, use seu pensamento lógico e analítico para otimizar o negócio para ser o melhor que puder". Essa é uma maneira ultrapassada de pensar, porque, se você mantiver as mesmas presunções sobre o seu negócio, mesmo percebendo que o mundo está mudando, há muita chance de você ser ultrapassado.
Se você mantiver as mesmas presunções sobre o seu negócio, mesmo percebendo que o mundo está mudando, há muita chance de você ser ultrapassado.
LEONARD MLODINOW
Poderia comentar alguns exemplos?
Quando a Wikipedia veio e disse "vamos colocar tudo online, não será um livro e não pagaremos as pessoas para escrever, e sim deixaremos todo mundo escrever os verbetes", a Enciclopédia Britannica não aceitava. Dizia: "Um especialista tem que escrever. Se não, é insignificante", queria vender o conhecimento e não percebeu que havia possibilidade de as coisas mudarem, não teve criatividade para reagir. Outra diferença é que o mundo todo está conectado. Antes, se sua companhia era nos EUA ou no Brasil, seus desafios vinham de outras empresas nos EUA ou no Brasil. Agora, pode vir da Tailândia ou de algum lugar da África. Para reagir, você precisa do pensamento elástico. Precisa questionar suas presunções.
As locadoras de vídeo que perderam mercado para a americana Netflix, por exemplo.
Antes, tínhamos a (rede de locadores de vídeo) Blockbuster. Quando a tecnologia melhorou, a Blockbuster chegou atrasada nos DVDs. Eles tinham as fitas VHS e achavam que estavam bem. A Netflix cresceu alugando DVDs. As fitas eram pesadas e frágeis, e você não podia enviá-las pelos correios. Então, a Netflix teve a ideia de enviar DVDs pelos correios. Parecia estranho, mas eles fizeram isso, e a Blockbuster não esperava por essa. A Netflix empurrou a Blockbuster. Agora, se a Netflix tivesse apenas ficado com esse plano, também estaria fora hoje, pois quem ainda trabalha com DVDs? Percebeu cedo que o streaming estava chegando, inclusive foi criticada por isso. Dizia-se que o streaming era um mercado pequeno. Por que a Netflix estava trabalhando com isso em vez dos DVDs? A resposta é que ela queria estar preparada para quando o streaming se difundisse. Se você se adaptar, pode sobreviver. Se não, você perde.
Se você se adaptar, pode sobreviver. Se não, você perde.
LEONARD MLODINOW
Como o senhor avalia os pontos negativos das transformações tecnológicas?
Não penso muito sobre isso porque você não pode pará-las. Certamente poderia citar como exemplos positivos todo tipo de nova tecnologia médica, sistemas de imagem para ver dentro do cérebro se você está doente. Outro exemplo é o Uber. Também gosto do aplicativo de previsão do tempo, pois viajo muito. Já não levo mais as roupas erradas. Adoro trocar mensagens com meus filhos (Alexei, 28 anos; Nicolai, 23; e Olivia, 18). Pais e filhos não podiam estar conectados assim antes. Por outro lado, quando estou com meus filhos no jantar, tenho de dizer: "Ei, foquem em mim, não fiquem mandando mensagem o tempo todo" (risos). Há prós e contras, mas não importa quais sejam: você precisa aprender a viver com isso, pois isso não vai mudar.
Uma questão discutida em meio a tantos estímulos que temos hoje é como recuperar nosso foco, que parece cada vez mais drenado pelas possibilidades de entretenimento, como as redes sociais.
Mindfulness ("atenção plena") é uma coisa boa de praticar para estar atento ao que você está fazendo e por que está fazendo. As mídias sociais podem ser viciantes. Você precisa tentar controlar a sua vida e tomar decisões conscientes. Mas não acho que haja uma cura milagrosa para isso. Às vezes, as pessoas passam muito tempo lá porque estão solitárias, entediadas ou não têm nada para fazer. Nas nossas vidas, temos nossos problemas e nossos pontos fortes, e com a tecnologia é a mesma coisa. Os mesmos problemas estão lá.
Como o senhor começou a praticar mindfulness?
Há sete ou oito anos, conheci Deepak Chopra (guru sobre transformação pessoal). Escrevemos um livro juntos (Ciência x Espiritualidade) e ficamos amigos. Ele me ensinou meditação e mindfulness. Você pode entender o que está acontecendo com você e assumir melhor o controle se fizer mindfulness. Você quer dirigir o carro, e não deixar que seja dirigido por alguém que você não conhece (risos).
As crianças precisam ser ensinadas sobre como o mundo funciona, ensinadas a ser céticas e a questionar as coisas, em vez de simplesmente aceitar as coisas.
LEONARD MLODINOW
Hoje vemos muita desinformação que contraria o conhecimento científico, como o movimento das pessoas que negam a mudança climática e o movimento antivacinas. Como enfrentar esse problema?
A ignorância é um grande problema em todo o mundo. Não tenho uma resposta, mas defendo a educação. As crianças precisam ser ensinadas sobre como o mundo funciona, ensinadas a ser céticas e a questionar as coisas, em vez de simplesmente aceitar as coisas. Essa é a chave. Quanto mais isso ocorrer, teremos menos idiotices como essas. Para mim, as pessoas que negam a mudança climática ou dizem que as vacinas são ruins não sabem como pensar. Muitas vezes, são motivadas por interesse próprio. Uma pessoa que trabalha em uma empresa de petróleo pode negar a mudança climática porque sabe que isso (o petróleo) dá dinheiro. Esse pensamento também pode ser não intencional. Em um nível inconsciente, você pode não pensar pelos fatos, mas pelo interesse próprio. A única solução que vejo é as pessoas aprenderem a ser céticas, racionais e lógicas.
Nem sempre conseguimos ser assim.
É louco. Certa vez, uma pessoa me ofereceu investimentos em máquinas de autoatendimento. Comecei a pensar sobre isso e contei à minha contadora, que ficou louca. Ela disse que conhecia um cara que investiu em máquinas de autoatendimento e que era um golpe, que eles pegavam o seu dinheiro, meu Deus, não faça isso. Ok, ela é uma pessoa inteligente, é contadora, sabe lidar com números. Mas esse pensamento é louco. Só porque alguém foi enganado em algum lugar não significa que toda a área é ruim. Temos que pensar: "É um golpe típico? Todo mundo faz isso ou é apenas um cara?". Bernie Madoff enganou pessoas no mercado de ações. Significa que ninguém deveria comprar ações? É loucura. Um dos motivos pelos quais escrevi Elástico é que as pessoas têm de estudar e aprender como pensar. Muitas pessoas inteligentes não sabem como pensar. Como um cientista, você procura evidência, uma teoria, estatísticas. Mas, mesmo que você identifique um padrão, você não deve apenas aceitá-lo. Deve tentar entender por que o padrão está lá. Se conseguir, você tem um bom motivo para acreditar em algo.
Ouvi dizer que vocês estão cortando dinheiro da educação no Brasil. É o oposto do que deveriam fazer. Vai haver mais pessoas ignorantes, mais estupidez, mais decisões ruins, crimes e tudo o mais.
LEONARD MLODINOW
Uma má interpretação da estatística pode levar as pessoas a verem um padrão onde não há?
Se eu pegar um mapa do Brasil e colocar um alfinete onde alguém tem câncer, esses alfinetes seriam distribuídos de forma aleatória, pois algumas pessoas têm câncer e outras não. Mesmo sendo aleatória, se eu colocar um alfinete onde isso acontece, não vai parecer aleatória. Haverá lugares com muitos alfinetes e outros com poucos, pois é assim que funciona a aleatoriedade. Mas alguém poderá observar muitas pessoas com câncer em uma área e automaticamente presumir equivocadamente que haja algo na água, na terra ou no ar que esteja causando câncer. Se alguém acreditar nisso, pode querer se mudar dessa área sem motivo. É como esse movimento antivacina, por exemplo: há algum boato, e as pessoas o aceitam, mas não verificam e não pensam sobre isso. Então, você tem de aprender como pensar e compreender como as coisas funcionam para tomar uma decisão. A questão das vacinas é louca porque um cara escreveu um artigo idiota, sem evidência, dizendo que isso é ruim. Depois, ele retirou o que escreveu e admitiu que estava tudo errado, mas pessoas que procuram teorias da conspiração pegaram esse negócio e isso está causando problemas agora. Isso mostra que essas pessoas não sabem como pensar, não são educadas, e isso é prejudicial. O trabalho do governo é garantir que as pessoas sejam educadas. Ouvi dizer que vocês estão cortando dinheiro da educação no Brasil. É o oposto do que deveriam fazer. Vai haver mais pessoas ignorantes, mais estupidez, mais decisões ruins, crimes e tudo o mais.
O que torna os seres humanos suscetíveis a teorias da conspiração?
As pessoas tendem a acreditar. Os humanos, quando ouvem algo, têm como padrão uma preferência por acreditar. Houve estudos sobre isso. Você tende a acreditar mais do que desacreditar quando ouve algo novo. Então, temos de mudar isso, aprendendo a ser céticos.
Um de seus livros mais bem-sucedidos é O Andar do Bêbado, sobre como a aleatoriedade e a probabilidade estão presentes em nossas vidas. Devemos todos conhecer os princípios da estatística para tomar decisões melhores?
Sim. Ouvi alguém dizer: "Meu amigo tomou vacina e duas semanas depois teve diagnóstico de autismo". Automaticamente, presumiu que a vacina causou o autismo. Outro exemplo: pense em alguém que já morreu. E se eu disser que essa pessoa tomou um copo d’água uma semana antes de morrer? Alguém pode dizer: "Acho que a água matou essa pessoa". Esse pensamento é recorrente, as pessoas não percebem a bobagem. O Andar do Bêbado é todo sobre isso: sobre como você pode diferenciar o acaso, a aleatoriedade, quando há uma causa ou não há.
se você dirige, digamos, 2 milhas (3,2 quilômetros) até a loja onde compra o seu bilhete de loteria e depois dirige de volta para casa, sua chance de morrer nessa viagem é mais alta do que a chance de ganhar na loteria.
LEONARD MLODINOW
Recentemente, a Mega-Sena acumulou e ofereceu um prêmio recorde. Mas a chance de ganhar o prêmio máximo é de uma em 50 milhões. Qual a sua opinião sobre as loterias?
Não há nada de errado com a loteria se as pessoas não gastarem o dinheiro de sua comida. O problema é quando elas estão tão desesperadas e viciadas que não conseguem dar conta, como os viciados em jogos. Em O Andar do Bêbado, fiz uma pequena análise sobre a loteria. Descobri que, se você dirige, digamos, 2 milhas (3,2 quilômetros) até a loja onde compra o seu bilhete de loteria e depois dirige de volta para casa, sua chance de morrer nessa viagem é mais alta do que a chance de ganhar na loteria. Não é uma coisa racional. É como eu propor um jogo: se você vencer, ganhará US$ 100 milhões; se perder, você morre. Provavelmente as pessoas dirão que não querem jogar, mas isso é o que elas fazem quando apostam na loteria. No exemplo que dei, as chances de cada uma das coisas ocorrerem é bastante pequena, então é um jogo inofensivo. Falando de forma realista, a chance de ganhar na loteria é tão baixa que pode ser arredondada para zero. É algo como 0,000000001, que na verdade é zero. As pessoas não pensam dessa forma porque assistem ao vencedor na TV, e ele está feliz. Mas é tudo uma ilusão, porque não vai acontecer com você. Na TV, eles não mostram as pessoas chorando porque perderam R$ 10 ou R$ 100. São essas pessoas que deram dinheiro para quem ganhou. O pensamento mágico diz: "Eu serei o escolhido". Há muitas questões psicológicas aqui.
Hoje, a estatística está presente nos sistemas de recomendação da Netflix e da Amazon, por exemplo, e cada vez mais as empresas coletam dados das pessoas. Como o senhor analisa o uso em massa desses dados?
Há riscos de eles serem mal utilizados. A Netflix sabe tudo o que assisto, o Google sabe tudo o que procuro. Isso me lembra o livro 1984 (de George Orwell). Eles sabem tudo: onde você está, para onde está indo. Estão observando você. Desde que o governo não seja uma ditadura que está tentando controlar e punir você, quem se importa? Mas dá a eles a oportunidade de se fazer isso. É quando começa a ficar assustador. Algumas companhias estão se tornando poderosas demais.
Se baníssemos as histórias, se as tornássemos ilegais ou nos livrássemos de todas elas, não acho que alguém morreria disso, mas talvez a vida não fosse tão rica.
LEONARD MLODINOW
O senhor trabalhou como roteirista de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, entre 1988 e 1989, e de outras séries. acredita que a ficção é necessária para o ser humano? em que medida?
Não sei se é necessária, mas é algo natural para o ser humano. As pessoas gostam de contar e ouvir histórias. Podem aprender sobre a vida real por meio das histórias da ficção. Se baníssemos as histórias, se as tornássemos ilegais ou nos livrássemos de todas elas, não acho que alguém morreria disso, mas talvez a vida não fosse tão rica.
A propósito dos filhos, que o senhor mencionou anteriormente: muitos pais inventam histórias e explicações para satisfazer as curiosidades das crianças sobre as coisas do mundo. O senhor teve o cuidado de sempre dizer a verdade para eles?
Sim. Sempre tentei dizer a verdade. Caso contrário, eles acabam descobrindo a verdade e podem questionar: "Por que você me disse a coisa errada?". Talvez eu tenha tentado evitar alguns assuntos ou tentado dizer de uma forma mais suave, mas sempre procurei falar a verdade.
Algum conselho aos pais?
Ensinem as suas crianças a serem céticas, a não acreditar em tudo que ouvem, a aprender a pensar por conta própria. Tente dar confiança ao pensamento delas para que sintam que podem descobrir as coisas por conta própria e fazer o que quiserem. Elas precisam saber que podem realizar o que desejam se trabalharem duro.
Planeja escrever mais ficção?
Espero escrever um romance. Gosto de mudanças (risos).