Para ajudar o aspirante a bailarino Brian Soares dos Santos, 12 anos, do bairro Rio Branco, em Canoas, a se mudar com a família para Santa Catarina no final deste mês, uma corrente do bem se formou desde o sábado passado. Brian foi um dos oito selecionados entre 430 participantes da tradicional audição de inverno da escola do Teatro Bolshoi no Brasil, localizada em Joinville (SC), mas precisava de dinheiro para a mudança.
No sábado passado, o Diário Gaúcho publicou a história do menino que superou as dificuldades em nome do sonho de ser bailarino profissional. Na data, a campanha virtual iniciada pela família tinha R$ 300 depositados. A mãe do garoto, a vendedora desempregada Fernanda dos Santos, 30 anos, conta que o telefone não parou de tocar no final de semana com leitores emocionados se oferecendo para ajudar. Um deles, inclusive, demonstrou interesse em ofertar um caminhão para a mudança.
— Não imaginávamos esta mobilização. Estamos felizes porque o objetivo foi alcançado antes do tempo previsto — comemora Fernanda.
Na campanha online, a família pediu R$ 2,3 mil para o pagamento do transporte dos pertences até Joinville. A meta foi alcançada ainda na segunda-feira. Ontem, já tinha batido 170%, para a surpresa dos organizadores. A família se mudará no final deste mês. O dinheiro a mais será utilizado nas primeiras despesas na nova cidade. O aluguel da casa, por exemplo, custará R$ 800.
No balé há menos de dois anos, o franzino guri de 1,37m e 29 quilos, cujas flexibilidade diferenciada e precisão ao parar os movimentos encantaram os avaliadores do Bolshoi, foi descoberto ao acaso pela professora de balé Gabriele Schutz, que o incentivou a participar da seletiva no ano passado.
— Conheci o balé brincando, quando uma prima me ensinou uns passos e me convidou para visitar a escola dela. Neste dia, a professora me viu e me convidou para dançar. Estou até hoje — conta Brian.
Brian precisou precisou convencer o pai, o pedreiro Gilson Garcia dos Santos, 35 anos, sobre a própria vocação. A mãe relutou em aceitar a oferta da professora Gabriele devido à falta de condições financeiras da família e por saber que seria difícil convencer o marido, mas liberou o filho pela insistência da professora, que doou a ele as primeiras sapatilhas e a malha necessárias para as aulas.
Gilson só descobriu ao ver no jornal local uma foto do menino, o único entre as bailarinas, numa apresentação da escola. As dúvidas sumiram quando viu o filho dançando no palco pela primeira vez. Chorou sem parar e passou a apoiá-lo.
A partir de fevereiro, Fernanda e Gilson deixarão a casa da família sob os cuidados de um parente e morarão com o filho no novo Estado. Junto com os três também irá o outro irmão de Brian, Mikael Taylos dos Santos, cinco anos. Eles pretendem recomeçar as vidas em Joinville, como forma de apoiar a decisão do primogênito. Brian já tem nova escola para seguir estudando no ensino fundamental, assim como o irmão menor, que irá à creche. Os pais vão procurar novos empregos na cidade.
— Vou atrás de qualquer trabalho. Não estamos pensando que vamos embora, preferimos pensar que vamos realizar o sonho do nosso filho— resume, orgulhoso, Gilson.
Para ajudar a família
— A campanha virtual seguirá aberta, mesmo depois de ultrapassar a meta.
— O objetivo agora é obter doações para ajudar nos custos iniciais da família até os pais conseguirem novos empregos.
— Entre os gastos que já terão inicialmente está o aluguel da casa onde a família morará, e custa R$ 800 mensais.
— O link para ajudar é bit.ly/ajudeobailarino.
— A campanha termina em 20 de janeiro.
— O contato da mãe de Brian é (51) 98014-3147.