Por Cesar Paz
Curador do Festival de Interatividade e Comunicação
Spotify, Airbnb, Uber e Nubank são exemplos de marcas que fizeram da experiência seu negócio. Desde os anos 1960, o consumo foi progressivamente se livrando de sua concepção de utilidade e função e se tornando uma atividade com produção de significados. Os consumidores passaram a não mais consumir produtos e serviços e sim, imagens e significados do que consomem.
Logo depois, já no final do último século, o consumidor passou a ser percebido como um ser emocional. Um ser à procura de experiências sensoriais nas quais ele possa experimentar o processo de interação com produtos, serviços e logicamente marcas.
Segundo os pesquisadores Joseph Pine e James Gilmore, da Universidade de Harvard, as experiências representam uma já existente, porém não articulada, forma de resultado econômico. Para eles, a história do progresso econômico pode ser dividida em quatro estágios: produção de commodities (economia agrária), produção de bens (economia industrial), prestação de serviços (economia de serviços) e a construção de experiências (economia da experiência).
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Ao se distinguir "experiências" de "atividades de serviço", abre-se uma série de possibilidades de reconhecimento de um novo modelo econômico. A experiência não é mais um resultado sem forma; é uma oferta real como qualquer serviço, produto industrializado ou commodity.
Os estudos de Csikszentmihalyi, psicólogo húngaro, dizem que a melhor experiência do ser humano é a "experiência de fluxo", um momento especial durante o qual nos sentimos, desejamos e pensamos em total harmonia. Para ele, todos somos capazes de alcançar esse estado de prazer com concentração e ação sem percepção de esforço, chamado "fluxo". Por isso, é possível melhorar a qualidade de vida, certificando-se de que as condições de fluxo são uma parte constante da vida cotidiana.
Pois bem, o avanço das tecnologias como a geolocalização, telas multi-touch, reconhecimento de imagens, entre tantas outras, associadas ao domínio de novas disciplinas, como o design de interação e o UX (user experience) produziram plataformas de serviços com um nível de experiência que se aproxima do conceito de "experiência de fluxo" do autor.
Plataformas de marcas globais, a exemplo de Spotify, Airbnb e Uber, ou nacionais, como o Nubank, trouxeram as experiências de fluxo para nossa vida cotidiana. Atividades rotineiras como ouvir música, alugar um apartamento para uma viagem, chamar um táxi ou fazer uma transferência bancária passaram a ser atividades executadas de forma fluida com prazer e em total harmonia, numa coordenação de concentração e ação com feedbacks imediatos se caracterizando como "experiência de fluxo".
Para as marcas citadas e para outras tantas, a experiência já não é mais atributo do negócio, ela é o próprio negócio. É a economia da experiência representada na sua forma mais literal e plena. Seja bem-vindo!
Serviço
Festival de Interatividade e Comunicação – FIC17: The Experience Economy
Dias 5 e 6 de outubro, no Centro de Eventos Barra Shopping Sul (Diário de Notícias, 300), em Porto Alegre, com as presenças de mais de 30 painelistas ligados à indústria criativa, entre eles o futurista Brian Solis, que virá pela primeira vez ao Brasil. A promoção é da Associação Brasileira dos Agentes Digitais – Regional Rio Grande do Sul (Abradi-RS). Inscrições e outras informações podem ser conferidas aqui ou no Facebook.