A Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA) de Gravataí e o Ibama divergem sobre resultados de exames que avaliaram a saúde dos cervos do Pampas Safari – que seriam abatidos por conta de tuberculose, a pedido dos proprietários do parque.
A FMMA e a deputada Regina Becker (Rede) disponibilizaram planilhas com resultados de exames feitos entre outubro de 2016 e janeiro de 2017 por um veterinário habilitado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os testes, realizados em mais de 200 animais, apontam negativo para tuberculose para todas as espécies.
Porém o médico veterinário do Ibama Paulo Wagner explica que o procedimento utilizado por este veterinário não deu certeza ao instituto de que os resultados eram negativos. Wagner relata que exames anteriores deram positivo para tuberculose em 20% a 100% dos animais em diferentes grupos.
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No entanto o diretor-presidente da FMMA, Jackson Müller, afirma que os testes que a Fundação e a deputada apresentam são válidos e indica que o abate seria feito em animais saudáveis.
– A técnica adotada (no teste) é recomendada para uma avaliação geral. Há sempre um questionamento sobre qual é a melhor técnica para a detecção das doenças, mas esta da tuberculina é uma das utilizadas – defende.
Já o Ibama argumenta que este teste não foi feito da forma correta.
– O próprio veterinário que fez os exames negativos nos disse que não era treinado para isso, que era treinado para fazer a aplicação apenas em bovinos. Depois disso, quisemos realizar outros exames, mas o Pampas não quis. Para a gente, está claro que há tuberculose lá – afirmou.
Pedido de abate
Conforme Müller, o Pampas Safari apresentou pedido de encerramento do negócio, solicitando ao Ibama que os animais fossem vendidos. Como o Ibama negou, foi alegado que os animais estariam com tuberculose.
– Os exames apontam que os animais estavam saudáveis. Agora, vamos acompanhar a investigação com o Ministério Público e solicitar que façam a contagem dos animais do parque, além de novos exames. Nossa proposta é que seja feito um inventário do Pampas – explica.
Já o veterinário do Ibama Paulo Wagner afirma que o órgão, em todos os momentos, se preocupou com a saúde pública quando negou ao Pampas Safari que fizesse a comercialização dos animais.
– Ao final, o Pampas desistiu de fazer a comercialização e decidiu pelo abate, e nós não podemos impedir o abate. Eles não tinham nenhum controle sobre os animais, e misturavam cervos que estariam doentes a cervos saudáveis – explicou.
As carcaças dos 20 animais que foram abatidos ainda neste mês foram enviadas a uma nova análise, em laboratório de Guaíba, para apontar se eles estavam ou não doentes. A técnica vai buscar identificar o DNA da bactéria na amostra retirada dos cervos.
Desde o começo da polêmica, quando foi suspensa a saída de cerca de 300 animais que iriam para o abate, a reportagem tenta contato com o Pampas Safari. Foi informado que os advogados da empresa estão avaliando a situação e só devem se manifestar nos próximos dias.
O Ministério Público abriu investigação para buscar identificar possíveis irregularidades no local. Por enquanto, uma liminar proíbe que outros animais sejam sacrificados.