O Ibama determinou o sacrifício de cerca de 300 cervos que se encontram na área do parque Pampas Safari, em Gravataí, fechado desde o ano passado e em processo de encerramento.
A decisão foi tomada em julho, em razão da disseminação de tuberculose entre os animais, o que representaria um risco para espécimes sadios e também para a saúde humana. O Ibama não sabe informar se os abates já começaram, porque os proprietários do parque ainda não encaminharam os relatórios correspondentes.
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O assunto veio à tona nesta terça-feira (22), na internet. Regina Becker, ex-secretária municipal dos Direitos Animais de Porto Alegre, publicou um post em que afirma ter recebido a informação de eutanásia "sendo executada em lotes, através do dito abate humanitário, o que, em verdade, consiste em nada menos que um disparo de pistola pneumática". "Diante dessa triste decisão, respaldada por legislações que visam tão somente às questões sanitárias, desconsideram a vida animal e a possibilidade destes serem tratados, buscarei junto aos órgãos judiciais o conhecimento da íntegra do processo, para analisar criteriosamente os laudos, exames, autuações e todos os demais dados que resultaram na decisão de morte de centenas de animais", acrescentou Regina Becker.
Segundo Claudia Pereira da Costa, superintendente estadual do Ibama, o primeiro caso de tuberculose em animais do Pampas Safari data de 2007, em búfalos. Em 2013, diante do descontrole da doença em camelos, lhamas e cervos, o instituto interditou o parque. Meses depois houve a reabertura, com base no que Claudia define como "relatórios mascarados".
No ano passado, o Ibama recebeu denúncia de um funcionário do parque, afirmando que os documentos eram falsificados e que a doença continuava fora de controle. O órgão afirma ter começado a monitorar a situação, o que levou à determinação do encerramento total do parque, que está fechado desde 2016, por falta de condições para manutenção dos espécimes. A previsão é que leve até dois anos até que se encontre um destino para todos os animais que ainda continuam lá. Fundado em 1977 pelo industrial gaúcho Lauro Febernati, o Pampas Safari teria abrigado cerca de 2 mil animais até 2013.
As reuniões entre autoridades e proprietários do Pampas Safari continuaram nos últimos meses, até vir a determinação do sacrifício. Claudia justifica a medida:
– A gente entende que o pessoal está apavorado. Mas onde colocaríamos mais de 300 animais para tentar tratar a tuberculose? A doença é contagiosa e está sem controle. Tem de abater para proteger os animais que estão saudáveis, a população e os tratadores que estão lá. É uma questão de saúde pública. Já era para ter acontecido antes, mas havia resistência da família proprietária.
Zero Hora não conseguiu contato com os responsáveis pelo parque na manhã desta quarta-feira.