O caso de agressão à professora de Indaial teve na tarde desta terça-feira mais um passo no procedimento judicial que apura o fato, com a apresentação à Justiça do adolescente de 15 anos suspeito de cometer o ato.
O adolescente e a mãe entraram na sala de audiências às 15h08. Foi a primeira audiência do procedimento de apuração de ato infracional. Após prestar declaração para a magistrada, às 16h09min os dois cruzaram a porta de correr juntos e se abraçaram pela última vez _ ela chorando, ele ainda com os olhos no chão _ antes do garoto seguir para o Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) de Blumenau.
O jovem vai cumprir a decisão judicial que saiu sexta-feira e determinou sua internação provisória por 45 dias. Como recurso, o advogado que o representa, Diego Valgas, informou que entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) já na noite de segunda-feira. O pedido liminar, que tentaria impedir a internação, foi negado. A expectativa do defensor é de que a solicitação seja julgada pelo colegiado do tribunal em cerca de 20 dias, quase metade do total de tempo que o adolescente pode ficar internado. Em razão disso, o advogado vai apresentar outro pedido de habeas corpus, desta vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Amparada pelo advogado, a mãe do adolescente deixou o Fórum ainda em choro, bastante abalada com a despedida. Nas mãos de um policial militar, uma pequena bolsa vermelha guardava os poucos pertences que o jovem separou para os dias de internação que começaram ontem no fim da tarde.
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Os depoimentos
Sobre a audiência, fechada ao público, Valgas contou que o adolescente começou relatando os episódios de violência paterna que ele e a mãe sofreram e que os fizeram vir morar em Indaial. Conforme o advogado, o rapaz contou que já foi submetido a um tratamento psiquiátrico que envolvia uso de medicamento, mas que teria parado de tomá-lo por causa do sono que provocava. Neste ponto, a juíza, segundo Valgas, recomendou que o adolescente volte a ter acompanhamento psiquiátrico no período em que estiver no Casep.
A mãe do garoto lamentou a interrupção do tratamento e frisou que ele nunca teve qualquer relação com criminalidade. Sobre o dia da agressão, Valgas reforçou que o jovem manteve a mesma versão dada à polícia de que teria sido ofendido pela professora, que agiu motivado pela emoção e que se arrependeu imediatamente.
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