O termômetro da Praça Cesário Amarante, no Centro de Joaquim, ainda assinalava 1°C e Castro Leão e Vanessa Jornada, à espera da neve, distraiam-se um com o outro. À volta, uma multidão de turistas perambulava em vigília pelos flocos de gelo, prometidos pela previsão do tempo para cair ainda na tarde de segunda-feira. Mas só chovia. Por volta das 17h, quando o termômetro da praça oscilava entre 0°C e -1°C, as gotas de água começaram a se misturar com pequenos grãos de gelo. Foi o suficiente para os visitantes irem ao delírio e se esbaldar com uma sequência de selfies nos mais de 15 minutos seguidos em que o fenômeno foi presenciado.
Mas até as 22h de segunda-feira, a neve, de verdade, ainda não tinha chego ao Centro. Às 20h, por menos de cinco segundos alguns flocos caíram na Praça João Ribeiro, em frente à Igreja Matriz e à prefeitura. De tão modestos e discretos, muita gente nem sequer percebeu. E eles permaneceram ali madrugada adentro, ora se abrigando nos carros ou entrando nos estabelecimentos que ainda estavam abertos.
São Joaquim – assim como em Urupema e Urubici – viveu na segunda-feira um cenário poucas vezes visto segundo o prefeito Giovani Nunes. Todos os 680 leitos dos hotéis já estavam ocupados e os turistas recorriam às hospedagens alternativas, de moradores que se cadastraram para oferecer um quarto ou parte da casa para acomodar os visitantes.
O comércio do Centro da cidade fervilhava. As ruas principais e a Estrada das Neves, que liga a cidade a Bom Jardim da Serra, tinham congestionamento. Na Serra do Rio do Rastro, a Polícia Militar Rodoviária jogou sal na estrada. Como a previsão inicial indicava a possibilidade de ter volume de neve que alcançasse até 10 centímetros em alguns pontos e a previsão para esta terça é de declínio acentuado nas temperaturas mínimas, podendo alcançar -7°C na Serra catarinense, a preocupação da Defesa Civil e da prefeitura é com os moradores mais carentes.
– Claro que queremos neve, para alegrar os turistas e os moradores que estão esperando, mas não em volume muito grande para não gerar transtornos e atingir as pessoas mais carentes – disse o prefeito Giovani Nunes.
Segundo ele, desde 2000 o município não monta uma força-tarefa envolvendo tantos órgãos, como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar, Samu, Secretaria de Assistência Social e Jeep Club. A intenção é proteger e abrigar moradores de rua e levar materiais básicos e lenha às famílias mais vulneráveis.
Na Praça Cesário Amarante, a Casa do Turista abriga os visitantes do frio com apresentações de artistas locais, chá de maçã, quentão e maçãs. Segundo o secretário de Estado de Turismo, Leonel Pavan, mais de 100 mil pessoas se deslocaram para a Serra catarinense desde domingo.
Chuva congelada atinge cidades de SC
Além de chuva congelada e poucos flocos de neve, houve também a neve granular. Segundo especialistas, o fenômeno pode ser definido como pequenos cristais de gelo de forma mais achatada.
– Não é o floco de neve formado, perfeito, mas é neve – diz o meteorologista Leandro Puchalski.
Apenas em localidades como Cruzeiro, no interior de São Joaquim, foram registrados mais de 10 minutos de neve, isso porque na altura das nuvens a temperatura ainda não tinha caído tanto. Conforme meteorologistas, até o final da madrugada ainda havia chance de nevar por alguns instantes.
Além de São Joaquim, Urupema, Xanxerê e Chapecó tiveram chuva congelada, segundo meteorologistas. Somente em Irani, no Meio-Oeste, o registro foi de neve granular (estágio anterior à neve).
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