Santa Catarina tem a maior capacidade de hospedagem do país se considerada sua população. Isso significa que o Estado apresenta o maior número de leitos e unidades habitacionais (suítes, quartos, chalés) por 100 mil habitantes do Brasil. Esse é um dos dados apresentados nesta quarta-feira, 19, pela Pesquisa de Serviços de Hospedagem (PSH). O objetivo do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em convênio com o Ministério do Turismo é obter um diagnóstico dos principais aspectos da rede hoteleira nacional.
No Estado, são 819 unidades habitacionais e 2.125 leitos por 100 mil habitantes. Já em relação aos estabelecimentos de hospedagem, SC aparece em segundo lugar, empatado com Mato Grosso do Sul, com 26 hotéis, pousadas e motéis a cada 100 mil habitantes; a primeira colocação é de Mato Grosso (29). Dentre as capitais, Florianópolis se destaca também, ocupa a primeira posição com 2.353 unidades habitacionais e 6.455 vagas por 100 mil habitantes.
O presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Santa Catarina, Estanislau Emílio Bresolin, critica a avaliação da pesquisa, que leva em consideração a população das capitais e dos Estados, mas descarta o incremento populacional dessas localidades em períodos específicos, como a temporada de verão. De qualquer forma, o representante garante que a rede hoteleira no Estado é suficiente e atende bem aos visitantes.
– Com certeza é suficiente. O número é expressivo em função de que o Estado é muito voltado para o turismo. E há atrações de todos os tipos: termal, montanha, rural, praia etc. A diversidade do produto é muito grande, diferentemente de outros Estados. Em alguns momentos, como na temporada de verão, alguns hotéis no litoral chegam a 98% ou 99% de ocupação, mas nunca 100% – comenta.
Comparando-se a estrutura de hospedagem com o tamanho da população, o Brasil apresenta uma média de 15 estabelecimentos por 100 mil habitantes, 491 unidades habitacionais e 1.168 leitos. Em relação às regiões, o Centro-Oeste registra a maior rede agregada em relação à população, com 22 estabelecimentos, 694 unidades habitacionais e 1.670 leitos por 100 mil habitantes, seguido da Região Sul.
Maioria de pequenos
Em Santa Catarina, são 1.782 estabelecimentos de hospedagem (5,7% do total do país); 56.573 unidades habitacionais (5,6%), e 146.837 leitos (6,1%). Do total de estabelecimentos, 44,8% são hotéis, 36,9% pousadas e 9,5% motéis e 8,8% outros. Não foram considerados itens como aluguel de imóveis por temporada ou casas de parentes e amigos. O maior percentual de estabelecimentos do Estado (32,1%) são de menor porte, com 10 a 19 quartos ou chalés.
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Santa Catarina (Sindetur), Kid Stadler, o Estado não dispõe de muitos equipamentos turísticos de grande porte porque os estabelecimentos estão bem divididos, especialmente entre as praias.
– As estruturas são menores e diluídas. De qualquer forma, há equipamentos bons que atendem a todos os perfis dos nossos turistas. Estamos bem posicionados com relação a esse aspecto de médio e pequeno porte. Mas na Serra, por exemplo, já se ouve falar em redes e cadeias pensando em investir na região – comenta.
Bresolin, que corrobora a visão de Stadler ao confirmar a existência de empreendimentos menores e familiares no Estado, que preservam o que chama de "DNA catarinense", também analisa a região de altitude catarinense, que costuma ter a rede hoteleira criticada. A pesquisa do IBGE com o Ministério do Turismo não avaliou a região especificamente.
– O mercado chama naturalmente o investimento. O incentivo é o produto. Há 10 anos, a Serra não tinha nada. Hoje tem hospedagens de bom padrão e bom número. O mercado vai regular isso naturalmente. Não adianta fazer 30 hotéis lá para haver um dia com neve. O turismo por lá precisa ser mais regular, como vem acontecendo, com visitantes até no verão.
Em relação a números absolutos, Estado não apresenta destaques. Santa Catarina aparece em sexto lugar em número de estabelecimentos de hospedagem, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul.
Crescimento nos últimos cinco anos
Nos últimos cinco anos, o número de estabelecimentos cresceu 15% entre as capitais brasileiras. Segundo o Ministério do Turismo, o aumento foi impulsionado pela preparação do país para receber turistas no chamado ciclo de megaeventos, como a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, no ano passado. Em Florianópolis, o crescimento foi ainda maior: 22,4%. Apesar disso, não houve o mesmo aumento no número de vagas. Enquanto na Capital catarinense subiu 7,7%, no país cresceu 15,4%.
– Florianópolis está crescendo da forma sustentável. Nós não estamos nos atropelando, mas sim crescendo a medida que temos a procura – diz Kid Stadler.
Em 2016, havia 31,3 mil estabelecimentos de hospedagem no país, com 1 milhão de unidades habitacionais (suítes, quartos, chalés) e 2,4 milhões de leitos. Entre esses estabelecimentos, 47,9% eram hotéis, 31,9% eram pousadas e 14,2% eram motéis.
A maior parte da rede hoteleira do Brasil estava no Sudeste: 41,8% dos estabelecimentos, 43,8% das unidades habitacionais e 43,1% dos leitos disponíveis. Em segundo lugar vinha o Nordeste, com 23,6% dos estabelecimentos, 21,7% das unidades habitacionais e 22,4% dos leitos. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia eram os Estados líderes em número de estabelecimentos de hospedagem e, juntos, foram responsáveis por 48% do total de estabelecimentos, 48,8% das unidades habitacionais e 48,7% dos leitos disponíveis.
Leia mais: