A Páscoa não seria a data mais doce do calendário se não tivesse o chocolate como um dos seus principais atrativos. Mas até ele fazer a alegria do paladar de crianças e adultos, muita gente trabalha com capricho e cuidado na produção de bombons e barras.
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Para conhecer quem são os verdadeiros Coelhinhos da Páscoa, o Diário Gaúcho visitou a fábrica de chocolate da Neugebauer, localizada em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, a 125km da Capital. As instalações localizadas no Bairro Medianeira possuem 30 mil metros quadrados e equipamentos de última geração, que a tornam a maior fábrica do gênero no Estado.
Apenas na linha de produção do chocolate, trabalham 130 pessoas envolvidas desde a produção da matéria-prima até o processo de embalagem. Nos corredores da fábrica, em meio ao cheiro inconfundível do doce, três ajudantes do Coelhinho contaram ao DG sobre o prazer de trabalhar com chocolate, dando detalhes de uma rotina que mexe com a imaginário de quem é apaixonado por esta delícia.
"Torno a vida das pessoas mais doce"
Moradora de Arroio do Meio, Adriana Carla Hofstetter, 41 anos, não se considera chocólatra, mas tornou sua rotina mais doce desde que começou a trabalhar na fábrica. Há um ano e dez meses na função de auxiliar de indústria, ela admite que trabalha com prazer.
Devido a uma paralisia cerebral ao nascer, Adriana tem limitação para caminhar, o que não a impede de trabalhar com afinco na seleção do bombom antes dele receber as camadas de recheio. Cabe a ela cuidar para que eles passem com perfeição na máquina para ganhar a cobertura de chocolate. Ao conversar com a reportagem, não escondeu o orgulho de trabalhar com algo que deixa as pessoas felizes:
– Eu gosto muito do que faço, nunca me imaginei trabalhando com chocolate, mas é uma coisa muito prazerosa pra mim. É algo que me ajuda como pessoa. Eu trabalho com algo que deixa as pessoas felizes, todos os dias é um prazer vir aqui. Além da minha, tô tornando a vida das pessoas mais doce.
Esforçada, Adriana tem força de vontade para observar e aprender. Adora brincar com a imaginação da afilhada Gabrieli, sete anos, que lhe pergunta sobre como o Coelhinho atua na fábrica.
– Eu digo que o Coelhinho vem visitar a empresa, que falou comigo e até perguntou se ela estava se comportando. A Páscoa, para mim, se torna mais especial assim – admite.
Realização do sonho de criança
Quando criança, Valmir Ricardo Werner, 29 anos, morador de Lajeado, sonhava em conhecer uma fábrica de chocolate. Hoje, atua no local que povoava sua imaginação no passado.
Assim que leu as primeiras reportagens sobre a construção da fábrica em Arroio do Meio, Valmir começou a enviar currículos para buscar uma vaga. Conseguiu o emprego. Determinado, em 28 de maio de 2013 viu a primeira barra de chocolate passar pela esteira que, até hoje, monitora. O equipamento leva as barras de chocolate prontas até a embalagem:
– Eu sempre quis trabalhar em uma fábrica como essa, aqui é tudo moderno. E trabalhar com chocolate é felicidade, alegria. É mexer com algo que as pessoas gostam muito, principalmente na Páscoa, que é um momento de renovação.
Na infância, ele tinha na cabeça sua ideia de fábrica:
– Quando eu era criança, tinha o sonho de conhecer onde era feito o chocolate. Achava que era como nos filmes, um serviço manual, que o chocolate ficava caindo (derretido).
A linha em que Valmir trabalha produz de 30 a 32 toneladas de barras de chocolate por dia, setor que é o carro chefe da fábrica. A empolgação por realizar o sonho foi tanta que, nos primeiros seis meses de trabalho, Valmir comia chocolate todos os dias ao chegar em casa. Mas ele garante que não engordou:
– Desde que comecei a trabalhar aqui, emagreci 10 kg. A gente caminha bastante e, depois, se habitua até com o cheiro de chocolate.
Um ajudante muito especial
Morador de Roca Sales, Charles Gonçalves, 27 anos, comanda uma máquina que faz a cobertura de 20 toneladas de bombons por dia. Ele monitora peso e temperatura dos bombons enquanto os doces recebem duas camadas de chocolate.
O filho Davi, cinco anos, é curioso sobre a atividade do pai, e Charles aproveita para alimentar a imaginação do menino:
– Ele pergunta como se faz o chocolate. Quer saber se é eu que faço o chocolate. Digo que sim, mas que é o Coelhinho que ajuda. Ele quer saber como o Coelhinho participa, Se trabalha junto comigo – diverte-se.
Há quatro anos na empresa, ele ainda fica orgulhoso quando vê no supermercado as pessoas consumindo um produto que ajudou a fazer.
– Me apaixonei pelo prazer de fazer chocolate. O melhor de trabalhar com isso é produzir um produto pelo qual as crianças e os adultos são apaixonados. Difícil não ficar com água na boca ao ver o bombom ser finalizado na máquina:
– Quando passa o produto na esteira a gente se orgulha, porque é um capricho. A gente fica com vontade de experimentar, mas não pode. Em casa, sempre tenho um pedacinho guardado na despensa – brinca.