O Diário Gaúcho apresenta nesta sexta-feira sua nova seção. Mundo da Gurizada, publicada quinzenalmente na contracapa, abordará temas importantes na convivência entre pais e filhos.
O assunto desta vez tem tudo a ver com as famílias atuais. Há quem diga que as crianças, hoje em dia, já nascem conectadas. Desde cedo, sabem manusear o controle da televisão e, deslizam os dedinhos pela tela do celular. Por vezes, os pais até lançam mão dos eletrônicos para garantir que os pequenos aguentem a demora numa sala de espera, por exemplo, ou fiquem calmos enquanto a mãe faz as lidas da casa.
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Mas qual é o impacto da tecnologia na vida das crianças e adolescentes? Como mediar a utilização de smartphones, tablets e outros equipamentos? A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou recentemente um manual de orientação para pais e responsáveis, pediatras, educadores e crianças.
Desde os três anos
Foi tocando os dedinhos nas teclas de um tablet de brinquedo que Isabelly Procópio, sete anos, do Morro Santa Tereza, na Capital, iniciou-se, por volta dos três anos, no mundo tecnológico.
– Eu até perguntei para a médica dela se era prejudicial. Ela disse que era para deixar explorar e falar sobre o limite – conta a mãe, a educadora Bruna Beatriz Leão Procópio, 27 anos.
Desde então, sempre que algum adulto da família deixa o celular dando sopa, Isabelly não perde a chance de baixar um joguinho. Se a internet fica instável, ela costuma ficar ansiosa. Isabelly também costuma ver vídeos no YouTube e séries e desenhos no Netflix. A mãe estabeleceu regras para evitar os excessos.
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– Quando eu tinha cinco anos, minha mãe não gostava que eu mexesse no celular. Mas os joguinhos são muito legais, têm atividades, explicam como são as coisas – justifica a menina.
Como é na casa da Isabelly
/// Isabelly estuda pela manhã. Depois do almoço, em seu intervalo do trabalho, Bruna costuma acompanhar a filha na realização do tema. A televisão é desligada, e o celular, afastado.
/// A rotina de sono é observada: pelas 20h30min, tudo é desligado para facilitar o adormecer e também porque mãe e filha acordam cedo.
/// Se o comportamento não vai bem, a tecnologia é cortada.
/// A menina não pode conectar-se durante as refeições.
/// Bruna optou por não dar um celular para a filha e também por não permitir que ela tenha perfil em redes sociais.
Pais devem interagir
De acordo com Renato Santos Coelho, presidente do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do RS, é recomendado que até os dois anos de idade o uso de telas (celular, tablet, videogame) seja reduzido ao mínimo possível.
Não há um limite estipulado, mas é importante que a criança não fique sozinha, isolada, por exemplo, por duas horas jogando. É preciso ter a presença do adulto, que interaja com a criança.
É importante destacar que a luz azul do celular é um estimulante para o sistema nervoso central e pode gerar excitação na criança, irritabilidade. Se a tela for utilizada perto da hora de dormir, pode prejudicar a liberação da melatonina, hormônio que regula o ciclo dia-noite. Por volta das 20h, o ideal é diminuir as luzes da casa, o barulho.
Também é recomendado evitar a utilização das telas durante as refeições porque a criança não tem consciência do que comeu, o que pode levar ao excesso de peso.
Por faixa etária
/// Até dois anos: evitar e até proibir a exposição passiva em frente às telas digitais, principalmente durante as refeições ou uma a duas horas antes de dormir.
/// Entre dois e cinco anos: limitar o tempo de exposição ao máximo de uma hora por dia.
/// Até seis anos: limite de duas horas por dia. Precisam ser protegidas da violência virtual, pois não separam a fantasia da realidade.
/// Entre zero e dez anos: não devem fazer uso de televisão ou computador nos seus próprios quartos.
/// Adolescentes: não devem ficar isolados nos seus quartos ou ultrapassar suas horas saudáveis de sono às noites (oito a nove horas).
Fonte: SBP