Inspirada em uma série de reportagens publicada em 2007, em que se previa a tecnologia de 2017, Zero Hora conversou com pesquisadores, professores e futurólogos profissionais para lançar apostas de como será a vida em 2027. Quanto às formas de locomoção, nada de skates voadores ou teletransporte.
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A tecnologia na próxima década será bem parecida com o que já conhecemos, mas com algumas novidades. Confira as previsões dos especialistas quanto à mobilidade nas grandes cidades
Ainda ficaremos trancados em congestionamentos, abasteceremos em postos de combustíveis e veremos pedestres, ciclistas e motoristas disputando espaço nas cidades. O transporte público terá incentivos, com a integração entre todos os meios como meta para facilitar o deslocamentos das pessoas, mas dificilmente apresentando bons resultados no Brasil – não por falta de tecnologia, mas de planejamento.
Apesar de lembrar muito o que vemos atualmente, o cenário da mobilidade em 2027 vai mudar, sim, e muito. Principalmente no que diz respeito à relação de cada um com os veículos. Nos próximos anos, deve se consolidar a ideia de que o mais importante não é ter um carro, mas chegar ao destino. De que maneira, não vai importar.
– Os valores serão outros, importando mais a experiência do que a posse. É algo que a geração mais nova já tem feito e vai se consolidar na próxima década – estima Frank Sowade, presidente da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
Para James Wright, coordenador do Programa de Estudos do Futuro, da Fundação Instituto de Administração (Profuturo – FIA), em até 10 anos teremos acesso a uma ferramenta capaz de analisar todos os sistemas de transporte, não apenas mostrando o que está disponível, mas também gerenciando a oferta de maneira responsiva à agenda de cada um e seu histórico de preferências.
Essa mudança de mentalidade levará à queda na busca por carteiras de habilitação e pela aquisição de carros e motos, também diminuindo seus números nas ruas – o que não vai fazer tanta diferença no trânsito, por conta do crescimento populacional.
Por outro lado, vai aumentar em todo o mundo a procura por serviços de transporte individual e coletivo. E algumas dessas opções serão autônomas: carros e ônibus dirigidos de maneira automática e segura mesmo sem um motorista, capazes de entender quando o passageiro entrou, onde deve parar e quais são os obstáculos a serem enfrentados no caminho.
– Com um veículo em que você possa confiar para levar a qualquer lugar com segurança, ganha-se muito em qualidade de vida. No futuro, muitos dos que hoje são motoristas acabarão passando mais tempo como passageiros – completa Sowade.
Carros com mais eficiência energética
Os veículos que sairão de fábrica em 2027 serão muito semelhantes aos atuais. Mas só na aparência. A principal diferença estará nos motores, que vão aproveitar melhor a energia da combustão, esquentar menos e ser muito mais eficientes. O combustível dos carros da próxima década ainda será, principalmente, a gasolina, contudo, ela será melhor aproveitada nos novos motores.
Além de maior eficácia, os carros também farão seu próprio diagnóstico, indicando para o motorista quando é hora de trocar de óleo, calibrar pneus ou verificar o alinhamento dos faróis. Isso será tão comum quanto hoje são os freios ABS e os airbags.
Os engenheiros não veem carros maiores ou menores se sobrepondo na preferência do consumidor: ambos os tipos continuarão coexistindo, com a busca por maior conforto nos grandes veículos e da praticidade dos pequenos, tendo, cada um, seu próprio público.
Mas a dependência de combustíveis fósseis deve, em breve, chegar ao seu pico: a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que, após décadas em crescimento, a demanda por combustíveis para automóveis ficará estável nos próximos anos – talvez até começando a cair. A explicação está na futura maior eficiência energética, mas também na ascensão dos carros elétricos.
Aposta na popularização dos híbridos
Eles já rodam em alguns países, mas são caros. Percorrem trajetos curtos e chamam a atenção de consumidores, porém, ainda são poucos. Os carros híbridos, que rodam com um motor a combustão auxiliado por outro elétrico, são como uma versão intermediária entre os veículos movidos a álcool e/ou gasolina e os elétricos.
Diante da dificuldade de ver motores que não poluem e que podem ser "abastecidos" com energia em casa tornando-se acessíveis em uma década, a grande aposta da indústria está no meio-termo.
Sabe-se o quanto consiste em um desperdício comprar um automóvel para usá-lo apenas em trajetos curtos entre a casa e o trabalho. Mas os carros com motor elétrico resolvem esse problema: gastam pouco, não poluem e têm boa autonomia para curtas distâncias. No entanto, eles falham na praticidade em viagens mais longas, porque ainda não há infraestrutura e tecnologia suficientes para torná-los uma alternativa viável. Os modelos híbridos unem o melhor dos dois mundos. Com eles, será possível unir as vantagens do motor elétrico na cidade e da combustão na estrada.
Em 2027, serão vendidos nas concessionárias carros movidos a gasolina e a eletricidade assim como hoje são comercializados os veículos flex. Aposta-se na popularização de uma alternativa mais sustentável. Um passo importante em direção a uma frota marcada mais por carros elétricos do que por aqueles movidos a combustão.