Você, que é mãe e trabalha com carteira assinada, sabe o quanto é difícil se separar do filho, do sorriso e do seu cheirinho quando termina a licença-maternidade. Antes, começa aquela correria para encontrar logo uma creche, uma babá ou um braço direito – parente, amigo ou vizinho – que fique com o pequeno.Mas existem mulheres que aproveitam esse novo momento e tomam uma decisão radical: para ficar mais perto da criança, dão uma guinada profissional. Camila Bruza de Souza Schmidt, 36 anos, de Esteio, trabalhava com carteira assinada havia cinco anos. No dia de voltar ao trabalho, chegou à empresa com uma decisão acertada em casa: pedir demissão.
Ela era auxiliar de controle de qualidade em uma empresa de Canoas quando, no primeiro dia de retorno da licença-maternidade, foi à sala do chefe.
–Ele levou um choque! – conta ela, que, a partir da sua demissão, começou
a virada, aos 34 anos.
Camila estava decidida e tinha um plano traçado: trabalhar como autônoma, confeccionando enfeites para festas infantis. A ideia surgiu no chá de fralda à espera da filha, Julia, dois anos. Impressionada com a decoração feita por uma amiga, ela tomou coragem.
– Eu sou muito organizada e, na minha adolescência, já fazia sabonetes perfumados e bijuterias. Tinha todas as características para começar a ter o meu negócio – avalia Camila.
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Para isso, contou com o apoio do marido, o operador de logística Juliano Prudente Costa, 34 anos:
– Neste começo, foi bem difícil porque a renda vinha só de mim. Tivemos que cortar tudo o que dava. As compras do mês passaram a ser feitas em atacados. Comer fora de casa, nunca mais!
Sonho realizado
Camila tinha as suas economias guardadas, ficou um ano organizando como seria a nova fase profissional e buscou qualificação para aprender mais sobre decoração.
– Eu não ia aguentar ficar oito horas longe desse anjo! Consegui abrir a empresa que funciona dentro de casa – diz ela, que tem a admiração do marido:
–No início, ela fazia a decoração das festinhas de conhecidos de graça só para poder divulgar o seu trabalho.
Hoje, a mamãe artesã faz decorações para festas infantis e tem uma página no Facebook com mais de 1 mil curtidas. A renda obtida já é a necessária para a família tocar a vida como sempre quis: produzindo sempre, mas pertinho de Julia.
– São coisas que valem muito a pena. A Camila está realizando um sonho,
e eu fico aqui, nos bastidores, ajudando e vendo a nossa filha crescer do lado da mãe, com todo o carinho e a atenção – comemora o marido, emocionado.
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Programe-se sem aventura
Para a psicóloga da Santa Casa Adriana Reis do Nascimento, o que aconteceu com Camila é um desejo de muitas mulheres.
– A volta ao trabalho, após o fim da licença-maternidade, significa o corte do cordão umbilical pela segunda vez –define ela.
Mas, quando a mulher decide que não vai mais trabalhar fora de casa, é necessário buscar alternativas e se planejar como fez Camila em casa.
Cuidado!
Não dá para largar o emprego e se aventurar:
– De nada adianta fazer este movimento, ver que não dá certo e tentar voltar.
O retorno para o mercado de trabalho, ainda mais com a crise e o desemprego, está muito difícil.
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